172 horas na lua, Johan Harstad




Eu sou aficionado por ficção cientifica. Cacofônico e desnecessário de ser dito, mas eu queria dizer. Por isso, quando li “172 horas na lua” eu já esperava algo muito bom, já que sou fã de Asimov e K. Dick, e Harstad não decepcionou. O livro é bem bom e merece ser lido. Por muita gente.

Em 2018, a Nasa anuncia um concurso que levará três jovens à uma base lunar. Midori é uma adolescente japonesa que sonha em morar em Nova York a fim de se livrar da rigidez de seu país e de seus pais. Mia é uma jovem norueguesa vocalista de uma banda que não tem a menor pretensão de ir à Lua. Antonie é um rapaz francês cuja namorada, Simone, o trocou por outro. Nenhum dos três tem a menor pretensão de ir à Lua, mas avaliam a viagem como maneira de obter o que acreditam que lhes faltam no momento: Mia é inscrita por seus pais, mas quer visibilidade para sua banda, Midori quer fugir da rigidez social que vive e Antonie quer esquecer Simone. Simples assim.

Os três então entram em um período de preparação de meses para a viagem, que só irá acontecer no ano seguinte. Toda a missão é mantida num clima de mistério. Por que voltar lá? O que aconteceu na última vez que o homem esteve na Lua? Ao fim do processo de treinamento, os três embarcam e é aí que tudo fica bem estranho. Membros da tripulação desaparecem, os reais motivos ainda são desconhecidos e isso tudo somado a uma atmosfera (trocadilho não intencional) de suspense crescente.

O livro é dividido em três partes. A primeira encarrega-se de apresentar os personagens ao leitor e aprofundá-lo em suas personalidades. Conhecemos o passado de Midori na escola, que envolvia bullying, os medos e anseios de Antonie, que não parece que vai esquecer Simone tão facilmente, e os sonhos de Mia com sua banda. Mia acaba por se tornar uma protagonista na história,mas não a achei, nem de longe, a mais interessante. As segunda e terceira (que tratam do “durante” e “depois” da viagem) partes do livro ficarão um mistério nessa resenha. Você, leitor, vai adorar saber por si só o que elas contém.

A edição de “172 Horas na Lua”, da editora Novo Conceito, chama atenção pelo zelo empregado na construção. O livro é repleto de imagens e diagramas, o que torna o envolvimento com a história mais dinâmico, e com diagramação que eu até então não tinha visto em outros livros. Uma grata surpresa.

Embora tenha sido uma agradável leitura, o livro não está (e qual está?) livre de falhas. Antonie é chato. Simplesmente chato! O personagem torna cada página em que se apresenta um mar de lamúrias. O clássico “mimimi”. O livro também não tem uma cronologia muito legal de se acompanhar. Por exemplo: há um salto temporal no período de treinamento dos adolescentes muito grande. É algo do tipo “começaram o treinamento... estão prontos!”. Deixou uma impressão de que o autor se apressou a escrever essa parte. Não que precisasse de uma infinidade de detalhes, mas não precisava também ser tão desprezada.

Harstad escreveu algo que parece ficção científica, e até é, em boa parte, mas também tem muitos pontos de suspense e terror, sendo esse último a opção mais presente no fim da história. O final é fantástico! De uma forma inesperada, mas coerente, o autor emenda o enredo deixando apenas o que não deve, ou que não precisa, ser explicado de fora. Até vi algumas pessoas reclamando disso, mas, em minha opinião, foi o ideal.

“172 Horas na Lua” tem fôlego para se tornar um ótimo roteiro de uma produção hollywoodiana e acredito que isso não vá demorar. Assim como não vai demorar sua leitura desse livro após a decolagem do foguete.

2 comentários:

  1. WOW, esse livro tinha me chamado atenção pela capa... Mas depois dessa resenha, ele entrou para a minha lista hahahaha'

    www.maisumleitor.com

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    1. Leia correndo! É muito legal. Depois volta aqui para discutir sobre!

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