Recomeço, Cat Patrick




Começando pelo básico, o livro tem boa parte da capa azul e alguém tem câncer. Parece o começo de um enorme clichê, certo? Nem tanto. O câncer está longe de ser o tema central do livro, o que é ótimo, já que boa parte das pessoas não aguenta mais livros cujo personagem principal tenha câncer. Já entendemos.

O segundo livro de Cat Patrick trata de um tema que com certeza já passou na cabeça de muitas pessoas. Como seria se existisse um medicamento capaz de trazer pessoas mortas de volta à vida? Qual seria o critério entre quem vive e quem morre? Como seria o desenvolvimento desse medicamento? A autora cria uma opção bem interessante em meio a uma paixão adolescente.

Tudo começou em um acidente com um ônibus escolar caindo em um rio, tendo 21 crianças em seu interior. O projeto do medicamento, chamado de Projeto Deus, aguardava há algum tempo por algum acidente que proporcionasse o teste que precisavam. Aplicaram a medicação, mas nem todas sobreviveram. A partir disso, a conclusão era que tudo só funcionaria caso o corpo físico não estivesse previamente debilitado. Ou seja, nada de armas de fogo ou enfermidades como câncer.

Daisy, nossa protagonista, é uma adolescente que já morreu algumas vezes. Sim, algumas. É bem propensa ao azar e muito alérgica a abelhas. Todas as vezes que morre, precisa mudar de cidade e de sobrenome, com dois agentes que se passam por seus pais, Mason e Cassie. Dessa vez, mudam-se para Omaha e seu sobrenome se torna West. Em uma nova escola, Daisy faz uma amiga, Audrey, e se apaixona pelo irmão dessa garota, Matt. A partir disso, toda a história se desenrola.

Uma personagem que, para mim, foi muito importante é Megan, a amiga transgênera de Daisy. Megan é importante na história, apesar de manter uma amizade à distância. Também estava no ônibus e morreu com Daisy. Foi o primeiro livro que eu li com uma personagem notoriamente trans, e eu não li uma quantidade tão pequena de livros assim. Não foi criado nenhum alvoroço em volta dela, é apenas uma personagem comum, como todos os outros. Adorei a maneira com que tudo foi descrito, bem simples e normal.

Apesar de o livro envolver muitas características científicas, não se trata de ficção científica. Inclusive, a autora pecou em algumas porções da ciência, como, por exemplo, a descrição do laboratório “caseiro” dos “pais” de Daisy. Não se cria ratinhos de laboratório no mesmo ambiente das máquinas, e isso qualquer pesquisa básica sobre o tema seria capaz de evitar. Não que tenha prejudicado a história, mas por passar algum tempo em laboratórios, não pude deixar de perceber e não poderia deixar de mencionar esses pequenos furos.

A história é envolvente e flui em um ritmo muito bom. Trata-se de um daqueles livros que você senta e lê de uma vez só, ou até duas, como eu fiz. A edição parece ter sido muito bem trabalhada, apesar de um ou dois errinhos de digitação ao longo do livro, que em nada atrapalham a leitura. Recomeço, de Cat Patrick, está mais do que recomendado para sua leitura leve da noite, exceto antes das provas. Pode ser que você não durma muito.

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