Cinco dias, Julie Lawson Timmer



Este livro foi uma cortesia da editora Novo Conceito

Prazos. Palavra simples que indica um limite de tempo. Às vezes, quando empregada no acordo da entrega de um trabalho, cria um sentimento de dever, de obrigação. Te deixa nervoso para termina-lo a tempo. Para cumprir o seu dever. E se houvesse um prazo para você? Se houvesse um prazo para estar com quem se ama? Consideraria isso um dever? Cumpriria?

Mara Nichols é portadora da doença de Huntington, uma doença neurológica que, gradualmente, a transformará em um “peso para seus familiares”. Após ter tido uma carreira de sucesso em advocacia, Mara, que sabe que sua doença não tem cura ou tratamento, dita seu destino desde a primeira linha do livro: ela vai se matar. Acabando com a própria vida, Mara pretende não dar trabalho ao seu marido quando a doença estiver em grau avançado, poupando-se também de definhar. Ela se dá um prazo de cinco dias para colocar sua vida em ordem e, então, tomar o coquetel de medicamentos e vodca pretendido.

Scott Coffman é professor e treinador de basquete. Um dia, um de seus mais promissores alunos bate à sua porta com um problema: sua mãe será presa por um ano. Scott e sua esposa aceitam ser guardiões do menino pelo período necessário. Scott se apega ao garoto como se fosse seu filho, mas o prazo de estadia dele está se esgotando e eles têm apenas mais cinco dias juntos.

“Cinco Dias” coloca os dois casos lado a lado e trabalha a questão da iminência do fim dos relacionamentos relatados. O livro é dividido em seis partes e cada uma delas representa um dia do temido prazo. Obviamente esse livro não teria, e não tem, um final feliz. Scott e Mara até são relacionados de uma certa forma, mas deixo a cargo do leitor descobrir como. O desenrolar da história se dá de forma muito emotiva e tocante. Tratando com muita delicadeza dos assuntos abordados, Timmer cria uma atmosfera que, para os leitores menos acostumados com o tema, é deprimente. E não tem como ser de outra forma. Em determinado momento, a doença de Mara ou a separação de Scott deixam de ser os protagonistas da vida deles e seus entes queridos tomam o lugar, mostrando que não é um livro sobre separação ou doença terminal. É sobre amor. Pura e simplesmente sobre amor. E é o bastante.

Embora seja uma linda obra que gostei muito de ler, acredito que Julie Lawson tenha pecado em um aspecto. Embora não possamos, como espectadores, quantificar o sofrimento ou a dor de alguém, colocar em um mesmo patamar uma separação não definitiva, afinal Scott e o garoto moram perto e sua separação não será definitiva de jeito nenhum, e uma mulher morrendo aos poucos de uma doença degenerativa soou como exagero. Ok que eu já disse, e mantenho, que não é um livro sobre doença, mas, ainda assim, é tão diferente a intensidade das situações que se torna difícil não se importar mais com o caso de Mara, a ponto de apressar a leitura dos trechos de Scott para saber logo o que acontece com ela.

“Cinco Dias” é um livro lindo. Com uma (ou duas, conte como quiser) história simples e poderosa, leva o leitor a pensar muito nas pessoas que ama e o quanto trocaria a própria felicidade pela delas. Levanta questões clichês, mas que promovem um novo olhar sobre elas, levando a respostas inéditas. E você, quem ama hoje? Se tivesse que se despedir dessa pessoa em cinco dias, amou o bastante? Se sim, que tal amar mais? Se não, o que está esperando?

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4 comentários:

  1. Me deu vontade de chorar só com a resenha!!!

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  2. Me deu vontade de chorar só com a resenha!!!

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  3. Adorei a ideia do livro. Wallace, já posso te amar mais hoje? Sabe, não quero tentar fazer isso quando for tarde demais.

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  4. Acho que se tinha um paralelo, seria legal colocar as duas histórias no mesmo nível de intensidade. Ainda assim, fiquei curioso pra ver se, lendo, também vou considerar uma história mais relevante que a outra.

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