Veronika Decide Morrer, Paulo Coelho



Antes de começar a ler essa resenha, ou qualquer livro do nosso querido (ou não) Paulo Rabbit, deixe seu preconceito de lado. Esqueça o nome dele e qualquer coisa que tenha ouvido, tanto de bom quanto de ruim, e concentre-se no livro ou, no caso, na resenha. Pronto? Tirou a mochilinha do preconceito? Podemos continuar.

Veronika é uma jovem de 24 anos que vive sua vida monótona e metódica até que decide se matar. Simples assim. Durante seis meses, ela se prepara e procura as quatro caixas de calmantes que tomará, um a um, e pensa que assim estará morta. O problema é que Veronika não toma o suficiente e acorda em um sanatório famoso, o Sanatório de Villete, com a notícia de que danificou seu coração permanentemente e lhe restam apenas alguns dias de vida. Alguns dias depois, conhece Zedka, que está internada por uma crise de depressão mas terá alta logo. As duas ficam amigas e Zedka divide experiências com Veronika, além de ser uma guia pelo desconhecido.

Em Villete, Veronika passa por experiências enriquecedoras e conhece pessoas que vivem em seus próprios mundos. Eduard, um esquizofrênico, é sempre calado e controlado; sabe o que tem que fazer para sobreviver ali e ficar em relativa paz. Veronika toca piano e, assim, conhece Eduard, que se interessa muito pela música dela. Mari, uma advogada já senhora que está lá porque teve diversas crises de síndrome do pânico, perde seu emprego e permanece pela Fraternidade, um grupo de loucos já curados que permanecem no local para não enfrentarem o mundo lá fora. Veronika cruza com o mundo da Fraternidade e passa por diversas reflexões.

O livro tem um viés filosófico, debatendo o que é a loucura, o que são os loucos, quão responsáveis somos pelo que acontece em nossas vidas. Quando Veronika chega, todos os seus dias são iguais, monótonos, e ela sempre preocupada em ser sempre medíocre. Quando Veronika sai, é outra pessoa. Quer viver uma aventura, quer se conhecer mais do que se conheceu no tempo que passou no sanatório. Quer viver um amor. Assim como Eduard, que restaura sua paixão antiga: a pintura.

Uma das questões do livro é o autoconhecimento, algo que a protagonista simplesmente negou por muito tempo. Ali, seguindo vozes e pessoas que não conhecia, explora o que a agrada, até em questões inerentes ao ser humano, como o sexo. Aos mais recatados, isso incomoda e choca, mas está muito longe de ser algo fora do comum.

Além de tudo isso, um ponto de reflexão é o suicídio. Vale a pena? O que pode dar errado? É uma questão de coragem, covardia, exaustão, ou o que? Quais os motivos que levam uma pessoa jovem e bonita a querer acabar com a própria vida? Não é conclusivo, é claro, mas é mais uma fonte de informações interessante para a caixinha de pesquisa sobre suicídio.

A ressalva que tenho é que achei muito inconveniente a maneira que Paulo Coelho se insere no começo do livro. Boas 15 páginas completamente desnecessárias e que nada acrescentaram à história, exceto uma pincelada de auto propaganda e egocentrismo. Muito mais cabível o que ele conta ao final, sobre o que passou na vida e a internações que os pais arranjaram por considerarem a arte uma loucura. Me lembrou a história de Eduard. No final, achei um bom livro. Não é maravilhoso, capaz de mudar o mundo, mas a leitura vale sim o tempo gasto. É interessante e possui uma fluidez apropriada.

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