Boneco de Neve, de Jo Nesbo







“Esse é o problema do mofo, não dá para ver que está aí. Mas está.”
Essa frase é boba, né? Concordo, mas ela vai te deixar pensando por semanas, garanto! Boneco de Neve, considerado o melhor trabalho do escritor Jo Nesbo, é um thriller policial. Até aí tem um monte, mas esse tem um toque especial. Quero dizer, alguns.

O herói da história pode ser várias coisas, menos herói. Harry Hole é alcoólatra, divorciado e questionado por sua conduta até por seu filho, Oleg. Harry é detetive e o único a identificar e prender um serial killer na história da Noruega, e, talvez, seja por isso que ele se torna o alvo do jogo psicótico planejado pelo assassino conhecido como Boneco de Neve. Quando a neve cai em Oslo, um boneco de neve no quintal é o presságio de algo muito macabro, segundo a sinopse. O assassino o constrói e o adorna com um objeto pertencente a sua vítima, uma peça de roupa ou a cabeça da pessoa. Coisa simpática! Apesar de prometer algo macabro e assustador, o livro não entrega isso. É um policial e dos bons, claro que é, mas nada que te assuste tanto, exceto talvez as descrições de pedaços humanos e o processo para obtê-los.

Harry se vê pessoalmente desafiado ao receber uma carta do assassino provocando-o a participar do seu jogo de cão e gato, ao mesmo tempo em que precisa lidar com os assuntos de sua vida pessoal, já citados acima. Hole recebe ajuda de uma detetive transferida de outra cidade, Katherine Bratt, que é totalmente focada no trabalho e não aparenta ter um momento sequer de fraqueza. O cenário lembra muito os livros de Stieg Larsson ou Lars Kepler, talvez pela similaridade entre os nomes das cidades ou pela nossa quase incapacidade de pronunciá-los corretamente, mas me trouxe uma sensação muito boa de que todas as histórias estivessem de alguma maneira interligadas, como se Lisbeth Salander pudesse ajudar Harry a qualquer momento.

Nesbo é pouco descritivo em questão de cenários e foca seu detalhismo para o viés pessoal. Você não sabe que cor é a casa de Hole ou se tem árvores na sua rua, mas sabe o que ele teme, odeia ou ama. E isso é fantástico porque é o que se deve analisar para resolver mistérios envolvendo alguém claramente desequilibrado. O livro é repleto de diálogos com significado, mesmo que não aparente. Lembra-se da frase do mofo, né? Todos os detalhes de uma investigação são contados: da parte prática, a análise da cena, até a parte final, passando pela burocracia, que nem parece tão chata. Há cenas, no começo do livro, narrando encontros com o serial killer contendo falas do vilão, ainda que não se saiba se é um homem ou mulher falando. Uma inquietação é inevitável, então minha dica é: aceite e use-a, porque vai ter mais, principalmente por conta do “cara do mofo”, que aparece no começo do livro para eliminar o mofo do apartamento de Hole e incomoda nosso sentido o tempo todo!

No decorrer da história você cria várias teorias, e o autor constrói outras por você, e as elimina uma a uma, até que pareça ficar sem solução. E eis que ela surge e não é surpreendente. Não é óbvio. Nem de longe, mas um leitor mais assíduo de livros policiais consegue, sem muito esforço, adivinhar o assassino e os motivos. Esse ponto deve incomodar muita gente, mas eu achei gratificante, afinal se você é praticamente incluído na investigação, quer ter a possibilidade de resolvê-la, certo?! Geralmente todo o teor de um livro policial finaliza ao saber do assassino e de seus motivos, mas Jo Nesbo narra uma sequência eufórica de perseguição, seguido de mais revelações e um final com um gancho absurdo! Não espere ler a última página e começar a pensar na sua próxima leitura, mas sim uma ressaca literária de dias e dias. Ressaca similar a de Harry Hole, nosso não herói mais heroico possível!

20 comentários:

  1. ~SOU FIRST~
    Sua resenha atiçou minha curiosidade sobre esse livro. Tava lendo Cartas de Amor aos mortos e assim que terminar vou pegar esse, mds. Tô precisando ler algo que me deixe eletrizada e esse livro parece causar esse efeito.
    Tá tudo lindo, vou acompanhar sempre, achei urban <3

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  2. [SPOILER]

    Gente, o homem do mofo não é o Boneco de Neve, certo?
    Acabei hoje o livro e a dúvida esta me consumindo!

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    1. Senhorita, dizer se ele é ou não o assassino vai estragar o imenso prazer da leitura de alguns. Mas.. alguns brilhantes autores policias, criam maravilhosamente diversos personagens pra incutir no ator a distração e induzir a errônea adivinhação. Se cuide.. e uma dica: guardador das causas perdidas.

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    2. Fiquei na dúvida também, na verdade, achei que fosse ele desde o momento que o " homem do mofo" chega ao apartamento de Harry, sem mais nem menos

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    3. Não, não. Ele só foi a peça chave para o Harry descobrir quem era realmente o assassino. Com aquele bilhete que ele deixa na casa do detetive, bem no final do livro

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  3. acabei o livro e fiquei atortoada com o final!!!! O que seria o cara mofo reaparecer no final???????

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  4. O pai de mathias...o ajudou a superar tudo...assim como o pai de jonas...é um thriller sobre paternidade hereditaria ...

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  5. Alguem me ajuda? O destino de Katherine Bratt (a policial) é o mesmo no livro e no filme? Ela morreu?

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  6. Por favor autor desse blog. Duas coisas me deixaram com duvidas. Porque a voz da kartrina sai masculina quando ela fala com a psicóloga?

    E quem é esse cara do mofo pelo amor de deus kkk

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    1. A voz dela só estava rouca, a psicóloga só faz uma comparação, pois a voz normal dela é fina como de qualquer mulher, e naquela hora estava sombria e com entonação obscura como um homem falando. Foi o que eu entendi da cena.
      Bom, o cara do mofo ainda é um verdadeiro mistério

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  7. Gente até o último parágrafo eu peguei 100%. Mas quem era esse tal homem do mofo PF???

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    1. É o cara com quem ela traiu o russo, ele é citado na parte do livro em que ela e o Harry estão falando sobre traição.

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  9. Fiquei inquieta com o final, com o cara do mofo... Quando o sindico la, pergunta para herry de como estava indo a reforma, ele menciona que nao era reforma e sim um fulano que havia ido para remover mofo, o sindico ficou sem entender e se instalou uma interrogaçao ali; outro ponto é que Herry sempre vera pegadas molhadas na casa dele mas sempre relacionava-as à Rakel; no final ele fala pra Raquel que descobriu que estava tendo noites de sonambulismo que talvez estivesse assim há algum tempo, em nenhum momento vi alguem ter notado a existencia do homem do mofo a não ser o proprio Harry... Nao sei o que pensar! Esse final ou é muito obvio ou tem algo a mais...

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  10. Terminei de ler o livro e estou "quem é o homem do mofo"? Refleti e nao consegui chegar a uma conclusão. Seria só um gancho para um próximo livro. Uma alucinação de Harry, tmb tem a questao das pegadas molhadas e do sonambulismo, sera q Harry sofre de algum transtorno psicotico e pode tmb ser um criminoso, ou apenas ser tudo uma alucinação?
    Ou o cara do mofo pode ter algo relacionado as mortes e alguma ligacao com o Mathias?

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    1. Terminei de ler esse momento o livro e vim em busca de entender sobre o verdadeiro pai de Oleg, acredito o único ponto a deixar a desejar, umas 4 linhas de detalhes resolveria... qnto ao homem do mofo provavelmente foi incutido no livro para atiçar nossa imaginação quanto ao assassino e que posteriormente nos faz pensar que poderia ser uma alucinação de Harry, porém se fez necessário que ele aparecesse no último paragrafo, bem isolado, justamente para mostrar que ele era real e que talvez ele tenha sido igualmente ao mofo, poderia passar despercebido mas foi de fundamental importância para o inside final que levou harry a conclusão do caso;
      No mais compactuo 100% com o escrito pelo dono da página!

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  11. Tb fiquei super intrigada com:1. O cara do mofo; 2. O pai de oleg. Gostaria de ouvir as considerações de outros leitores

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    1. O homem do mofo ainda é um mistério, penso se pode ser um gancho para os próximos livros da saga, mas ainda não li nenhum outro então não posso afirmar nada. Agora, sobre o pai de Oleg, a Rakel diz que foi um homem que ela se apaixonou e tiveram um caso extraconjugal, porém esse cara em questão descobriu que a namorada estava grávida então mudou-se de Moscou para Oslo, algo assim, portanto deixou-a. Aí a Rakel entrou num dilema se ela criava o flho sozinha ou se continuava com o Fjodor pro Oleg crescer com uma figura paterna, não entendi muito bem qual foi a escolha dela, mas eventualmente eles acabaram se separando (ela conta tudo isso em uma das últimas páginas do livro, bem perto do desfecho mesmo). Sobre a identidade do verdadeiro pai do Oleg eu não acho que seja relevante pelo menos nesse livro, mas fiquei pensando se isso seria um pouco mais abordado no livro O Fantasma, um dos próximos da mesma saga, no qual a trama se passa justamente em volta do Oleg. Não sei, preciso ler primeiro rs mas passou pela minha cabeça.

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  12. A única coisa que eu não entendi é o por quê de Rafto não ter conseguido atirar no Boneco de Neve. Alguém sabe?

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