Eu te darei o Sol, Jandy Nelson



Este livro foi uma cortesia da editora Novo Conceito.

Com um enredo diferenciado, "Eu te darei o Sol" é um daqueles livros que incomodam a cada página. O primeiro capítulo já deixa claro que não é um "young adult" qualquer, e sim um drama bem escrito e equilibrado.
Noah e Jude são irmãos gêmeos e, como todos os irmãos, competem por tudo dentro de casa, em especial pela atenção de seus pais. Jude é a preferida de seu pai, Noah de sua mãe, mas ambos querem ser adorados pelos dois. Com uma amizade e forte ligação, os dois irmãos estão sempre juntos, se ajudando nas situações mais inusitadas, mas nas entrelinhas a rivalidade continua ali.

Cada capítulo é narrado por um dos dois, alternando sempre para não ficar repetitivo, o que é favorável, pois os pontos de vista diferem muito. O fato desta narração ser em tempos distintos deixa a história ainda mais intrigante, porque segredos e mistérios do passado vão chegando à tona.

Assim vamos conhecendo Noah, que descobre sua sexualidade ainda cedo, sofrendo um pavor terrível caso o pai descubra e passe a odiá-lo ainda mais, apenas por ser gay. Noah é talentoso e está sempre criando quadros imaginários em sua mente ou fugindo dos veteranos da escola. Nada popular, faz seu primeiro amigo de verdade com a chegada de um rapaz na vizinhança. Jude é rebelde, linda e, sem dúvidas, muito popular. Também ingressou na vida sexual cedo, arrependendo-se tarde demais por todas as escolhas mal feitas. A escola de artes da cidade é um objetivo da família, mas o destino não é sempre bonzinho.

O que pode ser pior do que a morte? Provavelmente, ficar abandonado após perder as pessoas que você mais ama. Após um grave acidente e uma série de consequências, Noah e Jude deixam de ser ligados um ao outro e, do que antes era amor, passam a ser terríveis desconhecidos.

Jandy Nelson traz uma leitura profunda sobre a mente de um jovem perturbado. Um mundo sem cores, borrado e sem graça forma-se na vida dos dois irmãos. Cada um seguindo seu destino, revelando que às vezes, como a capa já alerta, o amor é só metade da história. Poética e cheia de metáforas, a escrita vai fluindo rapidamente, sem deixar nenhum espaço para distração. Algumas cenas chocam, seja pela sinceridade ou porque simplesmente nos identificamos tragicamente na situação.

Um dos pontos que me chamou mais a atenção foi o despertar da sexualidade dos personagens. Nós vivemos em uma geração onde tudo precisa ser "visto", "mostrado", mesmo com o risco de uma super exposição por toda a parte, mas nem sempre nos importamos, uma geração obcecada por "status". O bullying também é tema recorrente, mas ofuscado lindamente por uma história de amizade. YA que é YA tem final avassalador e com "Eu te darei o Sol" não é diferente. Prepare o lenço.

Com uma mensagem de positividade, o livro me fez refletir que devemos mesmo aproveitar o mundo enquanto temos chance. Amanhã talvez seja impossível tomar aquele sorvete que você tem pensado há dias. Ou tomar coragem e chamar aquela amiga para sair. Ou simplesmente de dizer um "eu te amo" sincero. Precisamos reconstruir o mundo em ações e bons sentimentos. Só assim poderemos oferecer o Sol para alguém.

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