Homens, Mulheres e Filhos, Chad Kultgen



Em um mundo repleto de temas clichês, é raro quando uma obra, seja ela de que campo for, surpreende apenas pelo tema. Isso aconteceu, ao menos comigo, quando li a sinopse de “Homens, mulheres e filhos”, de Chad Kultgen. O tema principal do livro é a sexualidade, embora envolto em histórias paralelas. Sobre, principalmente, sobre o desenvolvimento e as suas variações.

O livro aparenta ser um compilado de histórias isoladas interligadas mais pelo cenário onde ocorrem do que pelas interações pessoais. Dentre essas histórias acompanhamos algumas relacionáveis, como o adolescente que desiste do esporte por causa do vício em jogos online, e outras nem tanto, como a cheerleader que é exposta sensualmente em um site pela própria mãe. Porém, o intuito principal da obra parece ser explorar e acompanhar o desenvolvimento da sexualidade dos envolvidos e as implicações causadas pela imersão em seus respectivos ambientes. Não são apenas adolescentes os descritos no livro de Kultgen. Os pais dos 6 ou 7 protagonistas também são explicitados, mostrando que a sexualidade está presente em todas as pessoas e em qualquer idade, e que nunca é algo simples demais nem estranho. As situações são preocupantes, emotivas ou revoltantes. Algo que não faltará é identificação do leitor com o livro. Não espere passar indiferente aos personagens.

No começo de “Homens, mulheres e filhos” somos empurrados a uma avalanche de nomes, como se já fossemos íntimos dos personagens, e isso é muito interessante, pois parece ser uma espécie de tentativa de aproximação com o leitor para falar de um assunto tratado tão rotineiramente como tabu. Fazendo referências constantes a sites ou nomes de atrizes pornô, o livro se torna mais crível, mais real. Na própria contracapa há uma análise do livro feita pela atriz Stoya, conhecida por seus trabalhos pornográficos, mas não pelo autor desse texto. Juro. Algo muito interessante sobre o livro é que, embora falando de sexo abertamente sem eufemismos ou metáforas, ele pode ser lido por um adolescente tranquilamente. O tema é abordado sem vulgaridade ou indução. É um almanaque de confissões para fazer mesmo o mais reprimido se sentir a vontade.

O filme ganhou sua adaptação para o cinema no final de 2014 e tem Ansel Elgort, o Gus de A culpa é das estrelas, no elenco. O livro foi lançado em português no sábado seguinte à quinta de estreia do filme, algo que detestei pois me fez apressar a leitura. Em outros casos teria prejudicado o aproveitamento do livro, mas ele teria sido lido na mesma intensidade sem o filme em cartaz. Tanto que fui ver o filme apenas um mês depois. Meio decepcionante, mas isso fica para outra resenha...

Chad Kultgen escreveu, dentre tudo já dito, uma simples viagem de volta à temida puberdade, onde afloram todos os desejos, medos e, principalmente, a curiosidade das pessoas. Isso resulta em um livro de leitura agradável, simples e descompromissada. Tive a impressão de estar tendo uma conversa de bar com amigos em que todos sabem do que você está falando e confiam para contar-lhe seus segredos. Mesmo que falando de uma forma madura e direta, o livro é simples e dá impressão de inocência, mesmo que na perda dela. Só podia vir algo simpático assim de um autor que se auto intitula “o maior e melhor fotógrafo de esquilos do mundo”. Adorável, não?

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