Royal Blood, Royal Blood




No final do ano passado, tive a felicidade e surpresa de me deparar com um álbum musical de extrema qualidade e precisão. Royal Blood, álbum da banda britânica homônima, recoloca o rock sob os holofotes ao apresentar um som genuíno, com riff's pesados e muita personalidade. Entretanto, o que chama a atenção de muitos é o formato da banda: apenas dois componentes, um baixista-cantor e um baterista. O duo formado por Mike Kerr e Ben Thatcher explora várias vertentes do rock em seus fraseados, como blues rock e o hard rock, e possui uma "cara" de banda de garagem - com muita qualidade, claro. Apesar de todas as referências e influência, o resultado final é um rock moderno. Em meio à amalgama de distorções de pedais no baixo, que o deixam mais carregado, e uma bateria muito movimentada, com uma pegada muito grande na caixa, a falta de guitarras ou teclados passa despercebida. Na verdade, a presença qualquer instrumento além do baixo e da bateria, considerados a "cozinha" da música, se faz desnecessária.

Um fato estranho foi a ascensão extremamente rápida da banda, formada oficialmente em 2013. Não à toa. Num show em 2013, o baterista da banda Arctic Monkeys vestiu uma camiseta da banda. Um tempo após, o duo abriu um show para eles, e, com isso, conseguiu um contrato com a Warner. Depois disso, nem preciso mais dizer o que aconteceu. Na verdade, vou dizer: o álbum foi sucesso imediato de vendas e tomou o topo das paradas britânicas, terra de origem da banda, e também explodiu nos EUA, ganhando um 30º lugar no Top 200 da Bilboard.
Apesar das músicas se limitarem ao som do baixo e da bateria, criatividade não falta aos membros. Mike Kerr explora uma infinidade de distorções e efeitos em seu set, dando muitas vezes a impressão de que são dois instrumentos. A bateria de Thatcher possui versatilidade e se encaixa muito bem em qualquer trecho, e ela é a alma da música. Para fechar, a voz melódica de Kerr é a cereja do bolo. As letras são cruas, secas, talvez para fazer par com o tom brutal da banda. Não possuem muitos floreios poéticos, mas nem por isso deixam de ser legais. A capa do álbum completa o tripé da identidade da banda, com uma imagem enigmática e sombria que caracteriza a banda e seu som.

Dentre o repertório do álbum de lançamento, estão as memoráveis "Figure It Out" - essa foi parar numa promo da 10ª temporada de Supernatural -, "Blood Hands", "Little Monster" e "Ten Tonne Skeleton", mas a tarefa de escolher as melhores é muito difícil. A sonoridade da banda pode lembrar vagamente várias outras, mas possuem uma essência própria e que chama a atenção.
De fato, a banda é uma grande surpresa, tanto para mim, que a conheci no fim do ano, como para todos os seus outros ouvintes no decorrer de 2014, e o seu cd homônimo foi com certeza a melhor obra que ouvi no ano que passou. Sendo esse o seu primeiro álbum, a expectativa de trabalhos ainda melhores é grande. Após o término da faixa 10, o que fica, além da satisfação, é a conclusão de que o rock 'n' roll com certeza não morreu.

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