Boyhood, Richard Linklater



Todos tiveram de aguardar 12 anos para que Boyhood ficasse pronto, mas não consegui esperar um mês para poder ver no cinema. Motivo um: sou um grande fã de Richard Linkater desde seu trabalho maravilhoso em Antes do Amanhecer. Motivo dois: Antes mesmo de dar play, já sabia que seria uma experiência sem igual. Bem, eu estava certo.

A essência do filme é basicamente contar a trajetória de Mason, de seus 6 anos aos 18. Para isso, Linklater filmou com o mesmo elenco empoucos dias ao decorrer de 12 anos. Tal fato, é claro, tem muita influência sob o desenvolvimento do enredo. Ver Mason crescendo e sendo interpretado por diferentes atores definitivamente não seria a mesma coisa. Linklater conduziu o roteiro de modo impecável; a cena inicial, em que o protagonista está deitado na grama, observando o céu e Coldplay tocando no fundo é extremamente bela, como se o telespectador fosse convidado a fazer parte do filme. Inevitavelmente, é exatamente isso que acontece.

As quase três horas de duração do filme passam voando, mas quando acaba, é como se estivéssemos ao lado de Mason ao decorrer dos 12 anos de sua vida apresentados no longa. É impossível não se identificar com o personagem em algum momento; em uma cena, por exemplo, Mason estava com a mesma idade que eu e na mesma série. O interessante de Boyhood é acompanhar de modo extremamente realista o desenvolvimento dos personagens ao longo do tempo, pela perspectiva de Mason, ainda mais usando os mesmos atores. As mudanças físicas e psicológicas de cada integrante do enredo são notáveis a cada ano que passa, e Linklater ainda intercala isso com uma bela trilha sonora e fotografia majestosa.

É um filme que te faz refletir sobre a própria vida. Notamos que nossa trajetória é feita de momentos, que mudam com o passar do tempo. A relação que você tem com seu pai, por exemplo, será totalmente diferente cinco anos depois. Boyhood é belo em todos os sentidos e proporciona uma experiência incrível. É um filme difícil de se escrever sobre, pois o mais importante é senti-lo... Sentir cada momento, cada segundo que passa. Quando chega o fim então, sentimos aquele ligeiro vazio, ficamos encarando a tela à medida que uma última música toca nos créditos e pensamos o mesmo que a mãe de Mason: “I just... thought there would be more”. No filme vemos como o tempo vai mudando as pessoas pouco a pouco, e também como 165 minutos podem nos fazer ter uma nova perspectiva da vida.

Concluo dizendo que Boyhood já pode ser considerado um dos melhores da década, pois Linklater, novamente usando o tempo ao seu favor, conduziu um roteiro simples de modo genial, transmitindo sentimentos de modo espetacular. A prova concreta de que uma simples ideia pode tornar-se algo magnífico nas mãos certas. Além de tudo, é a minha aposta para o Oscar de melhor filme.
“Sabe quando dizem aproveite o momento? Não sei, mas acho que é ao contrário. Como se o momento nos aproveitasse."

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