Tripulação de Esqueletos, Stephen King



Eu, dessa vez, vou começar o texto de uma maneira diferente. Vou começar contando uma experiência pessoal. Eu sempre vi, e quis, o livro Tripulação de Esqueletos. O título é convidativo, eu adoro contos e foi escrito por um de meus escritores preferidos. O que me impediu durante muito tempo foi o preço, que era invariavelmente 78 reais. Um pouco demais para mim. Então eu comprei um Kindle, tudo ficou mais “barato” e eu comprei o meu tão desejado livro. Afirmo, sem dúvida, que se eu soubesse do conteúdo do livro antes, eu teria pago os 78 reais. E acharia barato. Vamos?

O livro contém 22 contos escritos ao longo de 17 anos de carreira e isso é algo muito agradável de se reparar. Conseguimos, nem sempre facilmente, identificar quais contos foram escritos mais na juventude e quais foram escritos com mais amadurecimento. Os tamanhos do contos são muito variados. Há um conto que ocupa um terço do livro, assim como há contos de 4 ou 5 páginas. Descrever a forma técnica do livro é praticamente impossível pois, como disse, varia muito já que foi escritos por diversos “Stephens”.

Essa não é, e acredito que nenhuma seja, uma obra perfeita. O primeiro conto do livro, "A balada do projétil flexível", embora abordando um tema que adoro, a loucura, é arrastado e não me empolgou. A ideia é bastante boa: um escritor acreditando que sua máquina está habitada por pequenas criaturas chamadas fornits. Mas eu não consegui me importar com ele. Achei, por falta de uma palavra melhor, superficial. Em oposição temos "A Balsa", um conto bem curto e incrível! Já adaptado para a TV na década de 70 num exímio trash movie, o conto relata a história de quatro jovens que ficam ilhados em uma balsa no meio de um lago ameaçados por uma mancha de óleo que come pessoas. Não ria. É muito bom sim, juro! Além desses temos o incrível "O Nevoeiro", que ganhou as telas em 2008, que conta a história de um pai de família e vários outros cidadãos isolados em um supermercado por conta de um ameaçador nevoeiro que cobriu a cidade, repleto de monstruosidades. Provando que é bem mais que apenas escritor de terror, King nos traz um curto conto sobre uma festa de casamento da irmã de um mafioso. Conto simpático e curioso. Além desse, temos como outro conto incomum um de ficção científica sobre teletransporte ambientado em 2307. Não tem como falar de todos, mas deixo minha menção aos excelentes “O sobrevivente”, “O homem que não apertava mãos”, “O macaco” e o inesquecível “Aqui há tigres”.

Tripulação é um livro cansativo, mas digo isso de forma positiva. A alternância entre contos te faz viajar entre universos muito distintos repentinamente, alguns duram 6 páginas, outros um terço do livro, mas é cada um mais (havia palavra melhor mas prefiro essa) delicioso de experimentar que o outro. Reflexão sobre natureza humana, sociedade ou fé são inevitáveis, mas, se você já é um leitor de Stephen King como eu, sabe que é aí que mora a magia das suas obras. É um livro que vai durar muito tempo, mesmo que você seja um leitor rápido. E sabe aquela “depressãozinha” depois de ler uma história muito boa? Tem 22 delas aqui.

2 comentários:

  1. Taí um livro do Rei que eu não conhecia. De certa forma quase todos os livros dele meio que parecem contos né? Contam algumas histórias paralelas à trama central e sempre tem motivações na natureza humana. E descobri agora que O Nevoeiro não é um livro separado xD Bom, vou caçá-lo. Já quero.

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    1. Oi Grazi, ele tem alguns livros de contos mesmo, os livros dele tem um ar de conto mesmo. Até os maiores! Taí, você me deu uma nova visão... O Nevoeiro foi lançado em inglês como livro separado, não sei se em português também. Boa leitura!

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