Contos de Charles Perrault


Este livro é uma cortesia da editora Paulinas

Todos conhecem os clássicos contos de fadas. As histórias, jeitos de contar e os elementos da narrativa às vezes variam um pouco, mas a essência é quase sempre a mesma. A “Bela Adormecida” aguardando pacientemente para ser beijada pelo príncipe encantado e “Chapeuzinho Vermelho” ao lado da Vovozinha no estomago do Lobo Mau esperando pelo Lenhador.

Essas são as versões mais difundidas destes contos (e só citei dois, são dezenas) que remetem ao século XVII. De autoria de Charles Perrault, os contos de fadas mais conhecidos receberam nessa edição publicada pela Paulinas um tratamento especial e que faz jus a sua relevância narrativa. É impossível se furtar de um breve comentário sobre essa publicação com suas notas e referências que garantem ao leitor uma experiência única com os contos de fadas. 

Se você conhece os contos somente pelas suas versões mais difundidas é imprescindível a leitura dos originais traduzidos por Eliana Bueno-Ribeiro e ilustrados por Gustave Doré. Para não estragar a experiência da leitura comentarei somente os dois mencionados acima. A trama da “Bela Adormecida” ou “A bela adormecida no bosque”, no original, é muito mais intrincada do que imaginamos, a fada madrinha que causa o sono de cem anos da princesa é a mesma que atende a um pedido do rei depois da maldição, a história continua depois que a princesa acorda. Novos problemas aparecem e só para aguçar a curiosidade do leitor, antecipo que a mãe do príncipe encantado é metade ogro. 

Quanto a “Chapeuzinho vermelho”, se você espera um final feliz, desista, no conto original não há caçador valente que resgata duas mulheres indefesas das garras do lobo. As coisas não terminam tão bem quanto estamos acostumados. Em “A bela adormecida no bosque” não há o beijo do despertar, há, é claro, uma série de elementos de uma idealização fantasiosa muito próprios das histórias infantis, mas mesmos eles são muito mais sutis e complexos que as versões da Disney. 

Sem mais antecipações sobre os contos, resta comentar o quanto a narrativa é rápida e como o charme e o estilo do século XVII sobrevivem bem nesta tradução. Alguns contos estão em forma de versos e manter a fluidez deste estilo é um desafio para qualquer tradutor. Perrault é um marco histórico na produção de contos infantis e, sinceramente, alguns deles são mais macabros do que parecem. A sensibilidade muda através dos séculos mas a qualidade narrativa permanece.

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