O Cavaleiro de Rubi, David Eddings





Quando Tolkien morreu, em 1973, houve um vazio deixado na literatura de fantasia que ninguém parecia ser capaz de preencher. De fato, ninguém será capaz de suprir a falta de Tolkien, mas há um nome sendo constantemente citado no cenário mundial como forte candidato a ser seu sucessor. E eu não estou falando de George Martin.

David Eddings é um autor americano responsável pela trilogia Elenium. Apontado por diversos críticos como sucessor natural de Tolkien, Eddings escreveu ao longo de sua vida mais de 40 livros, sendo a maioria de fantasia, mas sua bibliografia ainda conta com títulos de não ficção e até mesmo um divertido passeio pelo gênero da ficção científica. Morreu em 2009, aos 77 anos de idade sem deixar nenhuma série inacabada. Escreveu a trilgia Elenium entre 1980 e 1991.

Em sequência direta aos acontecimentos de O Trono de Diamante, O Cavaleiro de Rubi nos mostra a continuidade da jornada de sir Sparhawk em busca da salvação para sua rainha. Tal salvação se encontra na forma de um artefato conhecido como Bhellion, mas obviamente a busca por ele não será fácil. Além disso, temos o aumento da tensão política em Eosia com a contínua tentativa da igreja de tomar todo o poder mesmo que já seja o mais alto patamar da hierarquia. Como se tudo isso não fosse suficiente, no meio de sua missão, Sparhawk ainda encontra Azash, um deus antigo que também busca a joia.

A história toda é concentrada na jornada, em maior parte, quase como um livro de roadtrip, o que torna a ordem dos acontecimentos mais dinâmica. No entanto, mesmo com um propósito maior bem claro, o livro ainda carece de ter uma história que lhe confira valor isoladamente da trilogia. Para exemplificar: em Hunger Games temos no segundo livro, além da briga contra a Capital e a revolução dos distritos, um jogo com vencedores e um plano por trás do jogo. Ao analisar a trilogia você consegue isolar esse plot do segundo livro e caracteriza-lo. Não acontece a mesma coisa com a trilogia Elenium, pois O Cavaleiro de Rubi não tem um plot central que conduza a história daquele volume. Isso não é um problema para o andamento da história nem para a qualidade do volume.

Cavaleiro de Rubi consegue facilmente ser um livro a altura do primeiro. No anterior, tínhamos todo o processo de apresentação a um novo universo, esquema político e religioso, o que deixava cada capítulo com um ar empolgante de novidade, que geralmente se perde no segundo volume de trilogias. Não é o caso com Elenium. No segundo volume temos os desdobramentos diretos dos acontecimentos do primeiro, mas, de nenhuma forma, nos perdemos em uma narração monótona: ao contrário, os acontecimentos ficam cada capítulo mais interessantes e situações se mostram cada vez mais complexas e preocupantes do que se imaginava antes. Mesmo sendo apenas repercussões, ainda trazem um ar de evolução da narrativa que lhe deixará empolgado para continuar a leitura.

As constantes comparações com Tolkien se mostram válidas em alguns aspectos da obra de Eddings. Temos uma importância grande da religião no cenário do reino e, assim como a Sociedade do Anel, temos um conjunto de heróis acompanhando Sparhawk em sua jornada, todos altruistamente em busca da salvação da rainha. Eu refuto as comparações com Tolkien pois Eddings, embora abertamente inspirado no criador dos Hobbits, criou um espaço para si que não foi ocupado por ninguém antes, porque não existia, e não será ocupado por ninguém agora que ele não está mais por aqui. A trilogia Elenium ainda tem mais um livro a ser publicado em português: A Rosa de Safira (tradução livre e bem provável) ainda não tem previsão para ser lançado, mas assim que acontecer a gente conversa sobre o fim dessa jornada épica.

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