#projetorelendo: Parte V - A Ordem da Fênix




Na casa de seus tios, Harry aguarda ansiosamente por alguma notícia do mundo mágico que parece ter se decido por colocar o menino no completo isolamento, seus amigos não lhe escrevem nada de relevante e nem mesmo seu padrinho lhe dá notícias importantes. Mas tudo muda quando dois dementadores aparecem inesperadamente e quase sugam a alma de seu primo Duda. Harry executa um patrono e consegue sair da situação, não sem consequência; ele recebe uma notificação dizendo que é esperado para uma audiência no ministério da magia. 

Este é basicamente o resumo dos eventos que se desenrolam antes que alguns membros da ordem da fênix apareçam para buscar Harry. Mas o conteúdo do que ocorre na casa dos Dursley’s é muito mais denso que isso. O filme, obviamente, não chega a tocar em questões que posteriormente seriam muito importantes, como a carta que Petúnia recebe de um remetente desconhecido, ou mesmo o mando e desmando que o ministério parece realizar enquanto se decide pela expulsão de Harry da escola ou por uma audiência disciplinar. É notório e necessário que o filme reduza algumas cenas e que o faça para preservar uma certa linearidade da história. 

Quando reli este volume a impressão que tive foi que fazer um filme sobre a Ordem da Fênix era algo impossível, então reconheço o esforço dos diretores e os cortes que foram feitos, mas é importante ressaltar que o conteúdo do livro é muito mais interessante que o filme. A história é muito complexa, muito cheia de idas e vindas, muito recortada em eventos isolados e faz todo sentido que um filme de pouco mais de duas horas não dê conta de tanta complexidade. 

Na Ordem da Fênix finalmente temos a oportunidade de compreender melhor como era o mundo durante o reinado das trevas de Voldemort, há um clima nitidamente tenso em toda a narrativa, ninguém sabe exatamente o que Voldemort planeja, ninguém consegue explicar satisfatoriamente tudo que vem ocorrendo de misterioso no mundo bruxo e para completar o ministério da magia se nega a aceitar que o maior bruxo das trevas de todos os tempos recuperou seu corpo e seus poderes. Dumbledore está sendo vigiado por espalhar notícias que o ministério considera falsas e uma nova professora na escola torna tudo muito pior para o trio de bruxos, Harry, Rony e Hermione. 

Tudo neste livro é mais intenso que nos anteriores, Harry deixa a adolescência chata para trás e após todos os seus tropeços acaba tendo que lidar com uma de suas falhas mais marcantes: a sua mania de herói. Por culpa desse seu instinto irrefletido de salvar a todos e mesmo depois de todos os alertas de sua amiga Hermione, Harry acaba invadindo a sala de Umbridge (a detestável professora nova de defesa contra as artes das trevas) para tentar contato com Sirius que Harry achava estar refém de Voldemort. 

Após não conseguir contato com o padrinho, Harry parte numa missão, alto imposta, de salvamento levando consigo, Rony, Hermione, Neville, Luna e Gina. Todos se mostram formidáveis e apesar de saírem vivos ao final acabam ganhando escoriações, ferimentos e Hermione quase chega a ser eliminada. Nessa releitura esses pontos me chamaram a atenção pois pude ver que J.K. Rowling tem consciência da necessidade de amadurecer os personagens, e faz o possível para mostrar como todos eles estão abandonando a infantilidade.

No fim da história, que todos já conhecem (adoro poder não me preocupar com spoilers), Voldemort acaba se revelando sem querer para o mundo bruxo, Fudge (o ministro da magia) é obrigado a reconhecer que esteve errado por quase um ano sobre o retorno do bruxo e Dumbledore recupera tudo que foi perdendo ao longo do livro. Mas um fato em especial merece ser recordado: a morte de Sirius Black. Harry que já havia perdido os pais, agora é obrigado a lidar com a perda do único que ele realmente conhecia como família. Sirius morre numa luta com Belatriz, a comensal da morte mais fiel a Voldemort e o mais cruel sobre a situação é que Harry pôde conviver muito pouco com o padrinho. 

Reler este volume me fez pensar no quanto o personagem apesar de todos os defeitos possuiu uma certa fibra admirável, ela chega a ser reconhecida por Dumbledore nas últimas páginas do livro. Esta característica de Harry nos mostra como muitas vezes é mais importante ter uma certa garra, ou teimosia do que genialidade para resolver as demandas que nos são impostas. Harry enfrenta a morte do padrinho em profundo sofrimento mas sem se tornar inerte, ele continua disposto a lutar, segue a vida com uma dose de amargura mas sem desistir e aos poucos aprende a se tornar um bruxo melhor e a se preparar para o futuro tenebroso que o aguarda.

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