#PROJETO RELENDO: Harry Potter e o Enigma do Príncipe




Atenção: contém SPOILERS.

Imagino que este seja um dos volumes menos amados da saga e acho que entendo um pouco os motivos. O principal deles é: Harry Potter cresceu e não há mais espaço para a inconsequência. Agora as pessoas morrem ao redor do garoto e a morte mais marcante é a do único bruxo que Voldemort já temeu. Dumbledore é figura presente do começo ao final deste volume; toda a sua participação foi organizada de maneira a marcar seu papel de sábio e instrutor sem deixar a humanidade e a fragilidade que lhe faziam companhia especialmente na velhice.


Bom, como não preciso me preocupar minimante com spoilers, quero falar um pouco do perfil de alguns personagens que aparecem neste livro e seus respectivos desfechos, ou da falta deles, e quero indicar alguns acertos muito significativos no livro. Assim, será impossível não fazer algumas comparações com o filme, que eu considero o pior dos sete (oito).

O primeiro personagem é nosso agente duplo preferido de todos os tempos, o professor (finalmente) de defesa contra as artes das trevas, Snape. Foi muito curioso ler sabendo de que lado Snape estava, e dessa vez eu devo admitir que não fiz uma leitura muito isenta; estava procurando falhas na história. Li todo o volume em poucos dias, tentando ao máximo localizar algum buraco, alguma cena mal contada, algum indício de que Snape fosse leal a Dumbledore, que poderia ter sido percebido por Voldemort ou algum comensal da morte, e é com prazer que digo que nenhum foi encontrado.

Snape é um dos mais sofridos de todos os personagens. Enfrentou a culpa, a humilhação e a rejeição de um sem número de bruxos e bruxas, e é somente por conta de sua lealdade a Dumbledore, e de seus serviços como agente duplo junto a Voldemort, que os planos da Ordem da Fênix e do lado heroico da trama acabam funcionando. Ele é uma peça chave na ardilosa arquitetura de segredos passados e presentes, na qual Dumbledore mete um monte de pessoas. Falar de Snape implica imediatamente em uma menção a Draco e sua família. O estudante recebe de Voldemort a missão de matar o diretor da escola, coisa que o mandante lorde das trevas antevia como impossível, mas que ainda assim ordena no intuito de punir Lúcio Malfoy, o pai do menino.

Draco faz o que pode, limitado a sua condição de bruxo meio incompetente de pouca idade, falhando miseravelmente em todas as tentativas, quase matando outros estudantes no percurso e somente tendo um sucesso parcial na última de suas tentativas. Mas mais interessante que seus atos desesperados é a figura da mãe de Draco, Narcisa Malfoy, irmã de Belatrix, a terrível comensal da morte, certamente uma das mais fiéis a Voldemort. Narcisa não é como a irmã, não tem as mesmas pretensões que ela. Tudo com o que se preocupa é o bem estar do filho, condenado a cumprir uma tarefa praticamente impossível. O desespero de Narcisa em uma das poucas cenas onde aparece é o reflexo do desespero humano em face à morte e ao sofrimento de um ente querido. Ela representa com vivacidade algo que é comum a todos que se importam profundamente com alguém. É realmente uma pena suas cenas serem tão curtas.

Temos também a figura de Gina, que é uma menina forte, intensa, corajosa, brincalhona e muitíssimo consciente de tudo que a cerca. Ela é uma personagem muito mais interessante que o próprio Harry, certamente mais interessante que todos os outros irmãos e não é à toa que acaba tendo o talento reconhecido pelo novo professor de poções. Talvez você estranhe este longo elogio a Gina e fique pensando: não foi isso que eu vi no filme. Bom, você tem razão, a personagem no longa é tão mal aproveitada que chega a incomodar; é sem sal, sem atitude e completamente desmotivada, poderia ter sido interpretada por Kristen Stewart.

No livro os personagens são mais vibrantes, e antes que alguém me acuse de elitismo literário eu realmente gosto muito de alguns dos filmes, especialmente os primeiros. Eles têm o tom infantil que devem ter e possuem um ator excelente como Dumbledore. Gosto muito também dos dois filmes que representam o último livro. Eu reconheço a necessidade de vários cortes, reconheço que escolhas precisam ser feitas e também reconheço que a imaginação estimulada por um livro não pode ser comparada àquela estimulada por um filme. Tudo isso posto, ainda insisto que o sexto filme é o mais fraco da saga. Isso porque as escolhas foram ruins, coisas importantes foram deixadas de lado e acima de tudo, personagens importantíssimos foram relegados a cenas mínimas e pouco interessantes.

A releitura foi especialmente elucidativa pois me fez perceber que, por mais que este livro seja menos envolvente do que outros da saga, ele ainda é extremamente necessário. Nele, a história de Voldemort é recuperada através da pesquisa de Dumbledore. Harry assiste aos eventos que acabaram culminando na ascensão do bruxo mais terrível de todos os tempos e aprende com esses acontecimentos enquanto procura, junto de seu tutor e quase guru espiritual, desfazer os feitiços que mantêm pedaços da alma de Voldemort seguros dentro de objetos especiais. Somente após eliminar todos os fragmentos da alma corrompida do bruxo é que será possível enfrenta-lo. Para isso, todo o conhecimento transmitido por Dumbledore em seus últimos dias de vida são extremamente necessários.

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