O Babadook, Jennifer Kent














O cinema de terror tem passado por uma fase de renovação. Era mais do que evidente o seu crescente desgaste com o passar do tempo. A mesma fórmula várias e várias vezes em produções vergonhosas, fazendo com que o gênero fosse cada vez mais desvalorizado – algo que já acontecia, pois o “terror” sempre foi visto como um gênero “inferior” pelos críticos. Contudo, pequenas produções de diversas partes do mundo têm revitalizado a indústria com temas abrangentes, metafóricos e criativos. Filmes como Goodnight, Mommy (2014), It Follows (2014), Oculus (2013), que desafiam a linguagem cinematográfica e substituem o “susto” barato, conhecido como “jumpscare”, pelo medo psicológico. E entre os citados, temos O Babadook (2014).

Uma mulher viúva, Amelia, luta para conseguir criar seu filho, Samuel, que possui certos problemas de comportamento, como hiperatividade. Amelia vive atormentada pela perda bruta de seu marido há sete anos, ocorrida no dia em que deu a luz ao seu filho. Em uma noite, Amelia descobre um livro vermelho, com uma premissa infantil e escrita rimada, chamado Mister Babadook. Com isso, ela mal sabia que estaria liberando o próprio Mister Babadook, um ser que passa a atormentar ela e seu filho.

A ideia central pode parecer extremamente comum para o gênero: mãe tentando proteger seu filho de uma entidade que os assombra. Porém, O Babadook vai além de uma história ordinária sobre assombrações. O filme usa da metáfora do Babadook para tratar de um tema de forma inteligente: a depressão. Ao decorrer do longa, as cenas só vão aumentando a tensão organicamente. Sem a necessidade de jumpscares para assustar o espectador, as cenas conseguem criar uma ambientação apavorante, desde a estética até os pequenos elementos que vão surgindo.

Essie Davis – que interpreta Amelia – merece um destaque em especial por sua excelente atuação. Você consegue ver todas as nuances entre o amor maternal e o desespero de uma mulher que não sabe controlar a sua vida e nem suas emoções. O ator Mirim Noah Wiseman – Samuel – consegue desempenhar muito bem o seu papel, ainda mais quando se leva em conta de que é apenas uma criança.

Uma premissa comum, porém muito bem desenvolvida e que chega a surpreender e emocionar. O final causou muitas opiniões diversas, contudo, ele é o ápice da mensagem que o filme quer passar ao público, por isso deve ser visto com outros olhos. O filme irá, sem dúvidas, entrar para o catálogo de “clássicos do terror”, e isso por diversos fatores, desde o desenvolvimento quanto por introduzir coisas – como frases – que ficarão marcadas para sempre naqueles que se entregaram aos braços de Mister Babadook.

0 comentários:

Postar um comentário

 

BLOG HORRORSHOW - CRIADO E DESENVOLVIDO POR ARTHUR LINS - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © 2015