Maldito, André Barcinski e Ivan Finotti



Esse livro foi uma cortesia da editora Darkside Books

O nome José Mojica Marins pode não ser reconhecido por você, mas o nome Zé do Caixão é. Por muita gente! Zé do Caixão, personagem mais famoso de Mojica, fez aparições em diversos filmes do cineasta e chegou a atingir fama mundial. Hoje, finalmente reconhecido, Zé do Caixão é respeitado como uma figura que mudou a cara do cinema nacional e foi responsável pela criação de filmes nacionais de um gênero, até então, impensável de ser produzido em terras tupiniquins, e se tornou um ícone da cultura e referência para cineastas. Apontado como o maior artista multimídia nacional (não há quem ouse discordar), José Mojica Marins deixou uma marca indelével na história cinematográfica nacional. Ou Zé do Caixão, se preferir. Ou Coffin Joe...

Mojica sempre foi um cineasta. Desde sua infância, com sua primeira câmera aos 12 anos, Mojica se empenhava em fazer filmes curtos que vieram, posteriormente, a serem exibidos na vizinhança. Pode-se dizer que ele era um adepto do “learn by doing”, método de aprendizado através da tentativa, e erro, de fazer o que se pretende aprender a fazer. E Mojica queria fazer cinema. Tentou e errou. Também acertou. Conseguira então: Ele era um cineasta. Um artista. Mesmo não tendo uma preparação acadêmica no campo, Mojica veio de uma família, de certa forma, vinculada às artes e essa veia sobressaltou em sua personalidade. Com 17 anos, criou uma escola de interpretação para vizinhos e amigos. Esse foi um importante passo, pois seus primeiros filmes tinham o orçamento necessário garantido com base no sistema de venda de cotas, onde os contribuintes tinham como recompensa participação na bilheteria. 

Pioneiro no gênero de terror no Brasil, Mojica foi bastante criticado na época. Sua carreira não tinha decolado (nem iria, por um bom tempo), pois seus primeiros filmes, que fizera enquanto adolescente, não haviam tido repercussão. Mojica então se dedicou a um filme especialmente feito para agradar ao público: Meu Destino em Tuas Mãos, em 1962. Sempre com a participação do sistema de cotas na composição do orçamento, sua intenção era, confessamente, atrair os olhares de espectadores para que, com a aprovação desse filme, seu nome como cineasta fosse consolidado. No entanto, o filme foi um (mais um) fracasso. Porém, aí residia o fator decisivo na carreira de Mojica. Esse fracasso seria o último. Pelo menos como Mojica. 

Após o fracasso de Meu Destino em Tuas Mãos, Mojica teve um pesadelo onde um vulto, que ao se aproximar seria reconhecido como ele mesmo, o arrastava por um terreno acidentado: um cemitério. Paralisado, era arrastado pela figura em direção a uma lápide com seu ano de nascimento entalhado. Acordou assustado e ali, naquele momento, nasceu seu mais famoso personagem que iria trazer o conhecimento para Mojica: Zé do Caixão. 

A primeira aparição de Zé do Caixão nas telas de cinema foi no filme mais famoso de Mojica: À Meia-noite Levarei Sua Alma. As filmagens não correram bem. Inúmeros contratempos atrapalharam e Mojica teve que vender sua parte no filme para um corretor. Não tendo como tornar o longa um sucesso por conta própria e sobrecarregado com dívidas, Mojica acreditou que fez a decisão mais racional, embora seu emocional o dissesse o contrário. A distribuidora, que agora detinha a parte de Mojica na obra, fez muito dinheiro com o filme que levou muitas pessoas às salas de cinema. Isso significava, obviamente, o reconhecimento pretendido, mesmo que não acompanhado de um vintém sequer. Mas nem somente de terror era composta sua filmografia. Mojica também teve em seu currículo filmes do gênero faroeste e até os famosos do tipo “pornochanchada”. 

Como todo artista em atividade nas décadas de 60 e 70, Mojica sofreu a opressão da ditadura militar. Muitos de seus filmes foram amplamente censurados e editados, mas já estava feito: José Mojica Marins havia revolucionado para sempre o cenário do cinema nacional! 

Maldito, a biografia de Mojica/Zé do Caixão, foi relançada em 2015 no Brasil pela editora Darkside. Com 666 páginas, o livro é um compilado de histórias que compreendem o começo de sua carreira até o início da década de 90. Por se tratar de um relançamento e pelo fato da carreira de Mojica ter se estendido até 2008, uma nota dos autores foi adicionada completando esse período inexistente na época da publicação original. O livro ainda contém muitas páginas de fotografias com momentos icônicos da história relatada, como pôsteres de seus filmes e fotos de bastidores. 

Como fator necessário para toda biografia bem feita, Maldito promove uma imersão do leitor numa época e lugar diferente e o faz com muita competência. Quem lê é levado a um tempo onde o cinema nacional era, aos poucos, invadido pelo inovador estilo de Mojica. Invadido e mudado. Para sempre.

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