O Regresso, Alejandro G. Iñarritu


Após o famigerado Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância), o longa metragem feito – 
quase – inteiramente em plano sequência que satirizou os filmes Blockbuster e a vida de um ator preso a seu personagem de sucesso em meio a uma mensagem pseudo filosófica, Iñarritu resolve “confrontar” o cinema Hollywoodiano novamente. O “confrontar”, na verdade, está voltado à questão técnica de seu filme, visto que ele costuma criticar o “cinema comercial”, porém volta suas obras às premiações. Em O Regresso temos um longa maravilhosamente impecável em questão técnica, mas que tropeça nos mesmos erros de Birdman: a arrogância de seu diretor.

A obra é toda composta em torno de seus atores, criando situações nas quais eles possam ganhar seus momentos de destaque na tela. Leonardo Dicaprio entra na sua corrida definitiva em busca de seu aguardado Oscar no papel de Hugh Glass, um homem que procura vingança por um evento que ocorre após quase 1/3 de filme corrido. A trama é focada, basicamente, entre Glass e Fitzgerald, interpretado por Tom Hardy.

Assim como Birdman desafiou as técnicas cinematográficas ao ser quase todo em plano sequência (uma cena com mudanças de planos feita sem cortes), Iñarritu segue ambicioso em O Regresso ao fazê-lo somente com luz natural. Logo, em momento algum do filme são usados fresnéis ou qualquer outro auxiliar para a iluminação em seus planos, apenas luzes naturais, como o sol ou o fogo. Com a ajuda do genial Emmanuel Lubezki, Diretor de Fotografia de Iñarritu, o filme conta com planos dignos de serem emoldurados e colocados na parede, enchendo os olhos com a beleza da luz passando difusa entre as nuvens e refletindo na neve enquanto há uma perseguição entre as árvores.

Há, também, incríveis cenas de ação com planos longos e angustiantes que aumentam a tensão devido aos planos gerais fechados e primeiros planos durante toda a sequência. Porém, devemos destacar a aguardada luta contra o urso, que é um dos principais fatores para o futuro ponto de virada do roteiro.

Contudo, entre todos os méritos e elogios que O Regresso merece receber, ainda há seus problemas que acabam por ofuscar sua venustidade. O principal deles é o ser excessivamente contemplativo, com muito tempo de belas cenas, mas onde simplesmente não acontece nada, servindo apenas para deslumbrar sua fotografia. Isso faz com que seu roteiro seja fraco para sustentar uma duração de 156 minutos. O espaçamento entre os acontecimentos atenua a tensão, o que acaba enfraquecendo o desejo de vingança do espectador.

O Regresso é uma obra ímpar, cada plano é um quadro filmado, o que não surpreende o fato de estar sendo tão comentado e requisitado nas premiações. Seus defeitos não são suficientes para encobrir sua formosura visual, que beira (se não atinge) a perfeição. Apesar de esse Western moderno ser vazio em quesito de criar uma mensagem, ele compensa por sua técnica.

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