No se lo digas a nadie, Jaime Bayly




Em alguns raros momentos da vida temos a oportunidade de encontrar obras como a de Jaime Bayly. Seu estilo suave e ao mesmo tempo comovente faz com que a novela “No se lo digas a nadie” (Não digas a ninguém) seja exatamente o momento de sensibilidade e de compreensão que muitas pessoas precisam. A suavidade do texto e a beleza dos detalhes não passa despercebida e o maior atrativo é a forma como Jaime Bayly mescla estes momentos com outros eventos que, por sua vez, são pesados e violentos.

A trama se desenvolve a partir da história de um jovem homossexual que descobre sua sexualidade em doses, aos poucos, sofrendo e aprendendo com cada momento. O primeiro desafio de Joaquín é aceitar sua própria identidade e compreender o que fazer numa sociedade muito conservadora. Vale a pena ressaltar que a história se passa em Lima, no Peru, e que o machismo e homofobia são ainda mais presentes lá do que no Brasil. Neste clima de opressão e de questões pessoais, Joaquín segue sua infância sabendo da diferença que possui em relação aos outros garotos.

O próximo obstáculo é o pai, que não aceita em momento algum a maneira como a sexualidade do filho se manifesta. Entre outros diversos encontros e desencontros, o jovem gay desenvolverá sua maturidade afetiva e, quando finalmente atingir a vida mais independente, poderá experimentar todas as coisas que sempre desejou. Na universidade, tudo que compõe a vida de um jovem de classe média também compõe a vida de Joaquín, somado ao peso de lidar com a sexualidade dissonante.

Todos esses eventos parecem meramente relatos de uma experiência recorrente entre todos os jovens, homossexuais ou não, mas a maneira como Jaime Bayly desenvolve a trama e conta os detalhes da trajetória de auto descoberta e de auto aceitação do jovem é que garante a beleza e a originalidade do texto. Se você ainda não está convencido, Mário Vargas Llosa chamou a obra de um “excelente romance [que] descreve com desenvoltura e conhecimento de causa a filosofia de vida de uma geração dominada pelo desencanto, niilismo e sensualidade”. As palavras do Nobel em literatura refletem a beleza e a profundidade desta novela que certamente fará com que o leitor redescubra o gosto pelos romances de teor realista e desenrolar sincero.

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