Autópsia de um Crime, Marc Schoelermann



Quantas pessoas no mundo sonham em trabalhar em alguma área da medicina? Na maior parte desses casos, o principal motivo é a vontade de ajudar pessoas, não apenas pelo dinheiro. Afinal, qual a maior função de um médico, se não salvar vidas?

Neste picante suspense, acompanhamos a vida de Ted Grey, um jovem patologista recém-chegado de uma missão na África e iniciando sua residência com uma renomada equipe em um dos maiores hospitais da cidade. Ted é boa gente, ama sua noiva e, de fato, quer ajudar aqueles que precisam. O primeiro momento de tensão do filme se dá quando ele conhece o Dr. Jake Gallo, atual estrela da equipe. O embate entre os dois é imediato, avaliando um ao outro com fome de poder.

Não se engane, essa rixa não proporciona nenhuma competição nas mesas de cirurgia, ela nos leva além. Gallo apresenta a Ted um mundo sombrio, onde sua equipe está completamente mergulhada. Cada legista, em sua devida vez, mergulha em suas habilidades não para curar, mas para levar um corpo até seus parceiros para que eles descubram como o homicídio foi realizado, em uma autópsia coletiva. Ted entra no jogo, mesclando sua sabedoria com ganância e a vontade de brincar de Deus. Em meio a drogas, sexo e muita violência, ele esquece todos os seus princípios, focado em vencer o jogo.

Estreado em 2008, "Autópsia" choca o telespectador não por seu roteiro, mas pela veracidade de suas cenas. Corpos e mais corpos vão se amontoando, elevando cada residente a um novo e sádico patamar anti profissional. Ali não há ética, não há respeito e não existem mais juramentos de profissão. A única coisa que importa é causar desconforto em quem o assiste. O roteiro não é muito original, já que existem mais filmes centralizados em histórias médicas, contudo é bem realizado dentro do que foi proposto. Marc soube escalar seu elenco e criar um clima pesado do início e surpreendente fim da película.

Os escorregões do estreante diretor são percebíveis nas explicações, ou na ausência delas. Por que os jovens promissores começaram esses crimes? Como nenhum médico mais velho percebeu as misteriosas mortes dos pacientes? As cenas de sexo poderiam ser reduzidas, mas com o mesmo teor. Todas estão ligadas à violência explícita, como em Laranja Mecânica, que não basta simplesmente cometer um ato libertino, mas é preciso que ele seja assistido, nem que seja por um cadáver.

As atuações soam bem naturais, beiram ao teatral e a química entre o elenco é muito forte, como se todos fossem amigos íntimos fora do set de gravação, o que é algo bom, pois passa verdade a quem vê. Uma coisa que algumas pessoas não gostam é de cenografia escura, mas isso não é empecilho para que as tomadas fiquem com uma boa qualidade, dando uma pitadinha a mais de obscuridade para a história. 

"Autópsia de um crime" é uma boa pedida para quem curte trashes bem produzidos e com conteúdo diferente, mas tenha um estômago forte. Você vai precisar.

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