Alguns livros possuem personagens principais claramente feitos para você torcer por eles. Talvez essa tenha sido a intenção do autor com Daniel, mas, infelizmente, eu o odiei. Dan tem uma série grande de antagonistas ao longo o livro, mas a primeira é Clara, com quem teve um relacionamento por quatro anos e simplesmente desapareceu, sem dar nenhuma explicação, deixando-o com Doggo, um cachorro que tinha adotado há algumas semanas, sem consultar Dan.
Primeiro Dan fica perdido e tenta devolver o cachorro ao lugar de onde ele veio, mas desiste por conta de uma castração obrigatória, que deveria ter sido feita por ele e Clara. Todos ao longo do livro parecem achar que Doggo é um cachorro feio, o que eu não consigo imaginar que seria possível. Dan também não gosta do nome do cachorro (pensem em como seria ridículo em inglês), mas desiste de trocá-lo. Para não deixar o cachorro sozinho, quando consegue um novo emprego, estabelece como condição que possa levar Doggo para o escritório.
Mas então por que eu não gosto dele, não é mesmo? Dan é uma pessoa extremamente vingativa, dorme com a irmã caçula de Clara logo que ela vai embora, enquanto não demonstra um pingo de tristeza. Só está preocupado em saber se Clara tinha um amante e ameaçar os outros. Ele ameaça muitas pessoas ao longo do livro. Ok, ele passa por muita coisa, mas isso, para mim, não justifica de forma alguma a atitude agressiva em relação aos outros. Daniel não é uma pessoa boa. Outro motivo são as falas de machinho orgulhoso, como se recusar a admitir que chorou assistindo Marley & Eu, ainda mais com todo o contexto, ou considerar praticamente um crime castrar Doggo.
Temos toda a dinâmica do escritório acontecendo, com Tristan e Ralph, os chefes, se alfinetando e causando uma revolução na empresa, Megan, que é detestável e odeia Doggo, Seth, Anna e Margareth, que são quase invisíveis na história, e Edith, que é nova parceira de trabalho de Daniel e acaba se apaixonando por Doggo. Preciso explicar o óbvio a partir de Edith? Acho que não.
É interessante observar que o cachorro também tem uma história a ser contada, e isso é algo que eu ainda não tinha visto em nenhum livro que li. Doggo tem um passado e um motivo pelo qual foi deixado para adoção, ao invés de ter sido largado na rua, como acontece com tantos animais. Existe um motivo para a distância dele no começo, já que ele não é um cachorro carente, carinhoso e não gosta de contato humano.
O livro flui muito bem e foi bem escrito. São muitas histórias e muitos problemas familiares, com muitos personagens se entrelaçando. Devorei o livro em algumas horas, porque a cada três páginas aparecia um problema novo. Não me importo de odiar o personagem principal, ainda mais quando odeio a maioria dos outros personagens também. Eu com certeza leria outras obras do autor, apesar de achar que minhas críticas seriam as mesmas.
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