Lobo De Rua, Jana P. Bianchi



Eu andava um pouco desanimada com livros nacionais depois de uma péssima experiência que contei aqui no blog, até que encontrei a Janaína e o livro Lobo de Rua em uma das maravilhosas avenidas dessa cidade imensa chamada Facebook. A moça é de Paulínia – SP, bem pertinho de casa, e estudou na UNICAMP, onde eu estudo, melhor universidade, óbvio. O curso dela você jamais adivinharia: Engenharia de Alimentos. Como engenheira não sei, mas como escritora está mais do que recomendada!

Lobo de Rua é, na verdade, um prólogo, uma introdução à história da Galeria Creta. Eu, pra variar, não sabia disso quando me interessei pelo livro, até porque adoro procurar algo sem saber absolutamente nada sobre a história. Raul é um jovem morador de rua que está passando por algumas mudanças muito desagradáveis em sua vida. Toda lua cheia ele descobre a maldição que o transforma em um lobisomem. Por conta das características dessa maldição bem peculiar, encontra Tito, um lobisomem bem mais velho do que ele, que o dá abrigo e algumas direções. Temos outros personagens, como Soraia, uma cigana com um olho de cada cor, e o Minotauro, dono da Galeria Creta. O que exatamente eles são? Infelizmente também não descobri ainda.

Já disse antes por aqui que não gosto muito de livros de fantasia, até pela quantidade de páginas e descrição exagerada que boa parte dos autores acha que é necessário colocar no início. Lobo de Rua cortou isso de uma maneira incrível. São menos de 110 páginas para apresentar Tito e Raul e o básico de como funciona o mundo criado pela escritora. Talvez em um livro de 500 ou 600 páginas isso me cansasse, mas sabendo como o livro era curto e quão pouco faltava para acabar, eu não consegui parar de ler.

A escrita é muito natural e fluida, mesmo sendo um tanto sofisticada. A autora encontrou o ponto ideal entre uma escrita simples direcionada ao infanto-juvenil e a escrita que torna impossível ler uma página sem consultar um dicionário. Isso fez com que as poucas páginas corressem e o tempo voasse. Tempo esse que me manteve acordada de madrugada e me fez perder a aula na manhã seguinte, mesmo com três despertadores tocando por duas horas seguidas.

A ambientação é feita em São Paulo (Sampa), com alguns diálogos bem brasileiros e algumas características bem brasileiras. Eu me sinto um pouco desconfortável com livros que se passam em um lugar conhecido, até pela falta de costume, quase como se o local se tornasse perigoso. Não me senti assim e não sei explicar o motivo. Talvez seja porque os poucos livros que li anteriormente com essa ambientação me deixaram bem decepcionada.

A única ressalva que tenho a fazer sobre a escrita é que em alguns momentos temos muitos advérbios e descrições de sentimentos que você já percebe na cena. Quase uma descrição excessiva. Também dá para notar que a autora tentou evitar isso, porque quando essas descrições aparecem, o fazem normalmente em seguida, quase como se a vista tivesse cansado de procurar esse detalhe por algumas páginas. Isso acaba cortando um pouco a sua liberdade de imaginação e a percepção da cena, ainda mais considerando o gênero de fantasia.

O livro me trouxe tantas coisas boas que me interessei muito em procurar bons escritores e bons livros nacionais novamente. Espero que alguns de vocês se sintam da mesma maneira também. Recomendo e aguardo ansiosamente pela continuação.

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