Os Senhores dos Dinossauros, Victor Milán



“Algo que vocês devem saber.
Esse mundo – Paradise – não é a Terra.
Não foi a Terra. Nunca será a Terra.
Não é uma Terra alternativa.
Todo o resto é possível”

Este livro foi uma cortesia da editora Darkside Books

Talvez o elemento mais interessante de toda a trama, desenhada em belas letras por Victor Milán, seja justamente o primeiro aviso ao leitor, “este mundo, não é a terra”. Afinal, é muitíssimo comum que leitores apaixonados queiram trazer o mundo de seus autores para mais perto de suas realidades; ocorre muito em obras de fantasia e vem ocorrendo especialmente depois do lançamento de várias obras recentes. Este mundo, que não é a terra, nem nunca, será chama-se Paradise e tudo ocorre no continente chamado NuevaEuropa, onde existem reinos nomeados: Spaña, Alemania, Anglaterra e Francia, todos falantes de spañol. Por si só os nomes e idioma facilmente remeteriam o leitor à construção de algum tipo de ponte entre nosso mundo e o mundo fantástico de Paradise, mas acredito que o movimento oposto é que deve ser feito. Derrubar todas as ligações possíveis entre a realidade e a fantasia expressa na obra seria o caminho mais interessante, afinal o mundo onde se situa a NuevaEuropa fica muito mais interessante deste modo.

Milán respeita o leitor e desenvolve uma narrativa repleta de detalhes interessantes que em muito contribuem para o desenvolvimento da história, que por sinal já começa numa batalha, matando a curiosidade dos que se interessam pela luta entre cavaleiros e dinossauros. No decorrer da obra, o grande diferencial dos outros livros de fantasia vai sendo desenvolvido de forma sutil e refinada. Estou, obviamente, falando da inserção de dinossauros numa trama heroica. Os dinossauros são parte da cultura como outros animais são parte da nossa, são usados em montarias, alimentação, entretenimento e diversas outras funções. 

Uma informação que faz com que a leitura de “Os senhores dos dinossauros” seja ainda mais fascinante é a seguinte: os dinossauros citados são resultado de uma pesquisa muito minuciosa feita pelo autor. Vale muito a pena pesquisar os nomes citados e vislumbrar as dimensões, comportamento, aparência, cores e hábitos dos dinossauros citados. Fiz a experiência sempre que pude e foi de fato muito interessante saber do que o autor estava falando em algumas cenas onde só era possível citar ou relatar brevemente a aparência do animal. 

Durante a leitura, fiquei pouco interessado pela magia, o que certamente é algo novo na minha experiência com literatura fantástica, e acredito que para muitos a mesma estranheza será sentida. A magia também tem o seu espaço na obra, porém é colocada com tanta sutileza que quase passa despercebida. Neste primeiro volume, pelo menos, temos de forma muito mais marcante o papel da religião, que aparece em vários níveis, seja na crença popular ou no âmbito político. Tudo isso em constante relação com os personagens mais importantes da obra, que curiosamente já aparecem na primeira batalha narrada, no início do livro. 

Jaume Llobregat, Voyvod Karyl e Rob Korrigan, são respectivamente o Conde das Flores e Capitão General de uma ordem militar religiosa, o comandante de uma legião de mercenários montados em seus temíveis Triceratops, um plebeu e mestre de dinossauros. Mais adiante conhecemos a personagem que acredito ser uma das mais interessantes, dado seu ar impertinente, desafiador e audacioso, a Princesa Melodía, que não aceita ser apenas filha do Imperador e que deseja fazer algo de mais útil com a sua vida. Considerando todos estes personagens cativantes e as histórias atmosféricas que giram ao redor da trama principal, além de uma grande conspiração que ameaça o futuro e a vida do Império, me arriscaria a dizer que “Os senhores dos dinossauros” terá um futuro muitíssimo promissor nos seus próximos volumes. Vale a pena se deliciar com a leitura e com a belíssima edição produzida pela Darkside Books.

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