Cyberstorm, Matthew Mather

Este livro foi uma cortesia da editora Aleph

Você já parou para pensar em o quanto, ao longo do tempo, nossas vidas se tornaram vinculadas à máquinas? Você, nesse exato instante, está na frente de um computador ou com um celular na mão. Hoje em dia, mesmo coisas que parecem mecânicas, como água fluindo por dutos em direção às casas, são controladas por computadores. Toda sociedade passou a existir em torno de uma rede que controla basicamente tudo. E se essa rede, por algum motivo, entrasse em colapso? Sem internet e TV a cabo, as pessoas sobrevivem, mas e sem água? Energia elétrica? Já pensou?

Cyberstorm se passa em Nova York. No mês de dezembro, há a habitual neve nas ruas. Nessa ocasião, a cidade está passando por uma forte nevasca. Um vírus de computador ataca grandes servidores de internet causando oscilações no serviço. O problema maior é que Nova York é uma cidade totalmente dependente de interações online para se manter funcionando. Tal ataque resulta em uma série de problemas de abastecimento, comunicação e, até, problemas em aparelhos hospitalares. Somado a nevasca que impede o tráfego de entrada e saída da cidade, temos uma região isolada e que voltou à uma situação primária. Dentro dessa redoma involuntária, vemos as pessoas retomarem as características mais básicas de suas personalidades. Saques e violência são inevitáveis e, em certo ponto, não condenáveis. Naquela situação você faria o mesmo. Eu faria. Provavelmente brigaríamos por uma lata de sopa de tomate em algum 7-11.

O principal triunfo de Cyberstorm está em promover uma narrativa inserida em uma situação totalmente possível. Nevascas acontecem frequentemente e ataques digitais são tentados a todo segundo. O que acontece no livro é o simples “lugar errado na hora errada”. Na história, o rádio passa a ser o principal meio de comunicação e, para aumentar o caos já instalado, começa a anunciar surtos de doenças, como a gripe aviária. Todos esses adicionais à catástrofe inicial provocam um estado Hobbesiano no contexto. Segundo Hobbes, no estado natural, o homem se encontra num modo de “guerra de todos contra todos” e isso já diz bastante. Interessante também reparar em adições de termos científicos muito coerentes à situação na história. Temos referências a Teoria do Caos e uma grande insinuação do ataque acabar se tornando o estopim para a efetivação da Guerra Fria. 

Uma falha do livro é o ritmo. Alternando entre narrações arrastadas e capítulos muito rápidos, o livro dá a sensação de ser inconstante e muitos dos problemas apresentados são tidos como solução reversa: ele começa contando o que aconteceu e, em seguida, como chegou a tal situação e como foi solucionada. Não tem a chance de ficar nervoso ou preocupado. Você já sabe como terminou, só o desenrolar que é novidade. É como ler com spoilers e eu não gosto de spoilers.

Algo importante a salientar (e aumentar ainda mais a ideia de possibilidade de tal evento) é que o autor trabalhava com TI e todo desenvolvimento da história vem de conhecimento real. É alguém que conhece o assunto dizendo que é possível que aconteça. Cyberstorm já tem sua adaptação garantida. A FOX comprou os direitos da obra e pretende iniciar o processo de análise de roteiros em 2016. Não consigo parar de pensar em algo como “O Dia depois de amanhã”, mas espero que eu esteja errado. 

Cyberstorm é um ótimo livro de ficção científica e será lembrado quando o assunto for sobre ataques cibernéticos, mas não acho que seja um livro a ser lembrado por muito tempo. Assim como o avanço da tecnologia soterra e esquece os costumes retrógrados, uma nova história virá, correta no que Mather falhou, e o fará ser esquecido.

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