A Vida Privada das Árvores, Alejandro Zambra




O chileno Alejandro Zambra tem gerado burburinho no mundo das letras, e foi curioso por ouvir falar do autor que trazia "um refresco para a literatura contemporânea" que procurei por A Vida Privada das Árvores, seu segundo romance, lançado por aqui em 2013. Já adianto: ou eu não tenho sensibilidade nenhuma para apreciar uma narrativa moderna ou Alejandro é bastante superestimado pelas críticas que havia visto a seu respeito.

Basicamente, o livro se passa em uma única noite, quando Verónica sai para sua aula de desenho e ainda não voltou. Julián, seu marido, professor e aspirante a escritor, a espera. E é isso. Fim. Ok, não é só isso; Julián tem a companhia de Daniela, filha de Verónica de apenas alguns poucos anos de idade. Para distraí-la enquanto a mãe não chega e fazê-la dormir, ele decide inventar algumas histórias acerca da vida privada das árvores: talvez um vistoso bordo comentando com o seu vizinho sobre sua nova tatuagem feita por dois jovens apaixonados que registraram no tronco um coração e as iniciais de seus nomes.

O livro, no entanto, pouco gira em torno dessas histórias. Ele mais se arrasta com as divagações de Júlian, suas lembranças do passado e suas previsões para o futuro, além, é claro, de suas aflições do presente: onde está Verónica? Sozinha em uma avenida gelada com o pneu furado? Ou deitada na cama com o seu professor de desenho? O pior é que não há termo mais preciso do que "se arrastar" para o que o livro faz ao longo de suas poucas páginas.

Embora seja realmente curto, só terminei A Vida Privada das Árvores porque sempre me sinto obrigado a ir até o fim das leituras que começo. Mas essa não me cativou nem um pouco, muito menos a contemporaneidade do autor. Não que ele escreva mal, de forma nenhuma; mas a sensação que tive foi de que tudo no seu texto é forçosamente escolhido para soar contemporâneo. Não me pareceu nada natural, e é isso que matou sua obra para mim. A história também não me prendeu, apenas me cansou. Talvez com as impressões já poluídas, da metade para frente não consegui mais aproveitar o que estava lendo, só ansiava por chegar ao seu final.

A Vida Privada das Árvores agradou muitos leitores mundo afora desde que foi lançado e, nesse sentido, aparentemente sou um ponto fora da curva. É um livro curto, sem grandes emoções, mas escrito da forma como promete: tem sim suas sutilezas e um estilo próprio. Para quem se sente atraído por esse tipo de leitura, à lá volonté, espero que Zambra tenha mais sucesso com você do que teve comigo.

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