9TH PUB - Autógrafos



Estive na Bienal do Livro de São Paulo ano passado e fiquei com essa pulga atrás da orelha. Eu mesma fui atrás de autógrafos (consegui só os da Kiera Cass e Renata Ventura), mas no dia que fui também estavam Harlan Coben, Cassandra Clare, Maurício de Souza e muitos outros. Também tenho um livro autografado do Ziraldo, de quando ele visitou minha escola na segunda série, e sempre achei o máximo. Meu pai tem um livro autografado de Malba Tahan. Já tive o sonho de ter um livro autografado de José Saramago, algo que ainda é possível, mas não pessoalmente, com a dedicatória para mim, assim como de Rubem Alves, que tive a oportunidade de conhecer.

Todos esses autógrafos e toda a euforia causada por eles na Bienal de São Paulo, e agora na Bienal do Rio, que todos do blog acompanharam pelo nosso urso Wallace, levaram à muitas críticas em torno do assunto. Eu discordo e já explico o motivo. Primeiro, gostaria de excluir as pessoas que pegaram autógrafos pra vender o livro depois e dizer que esse texto não é para elas. Em segundo lugar, gostaria de enviar um abraço virtual a todos que se dispuseram a pegar um autógrafo por um amigo ou até por um desconhecido.

Ouvi pessoas dizendo que era uma euforia desnecessária, que era apenas um autor de um livro. Ou pior: que era só um autor de um livro ruim ou de um livro “de menininha”. Bom, vamos acabar com essa questão de livro de menininha. Pelo amor de deus, criem vergonha nessa cara e parem de menosprezar o gosto feminino e os homens que gostam desses livros, além de menosprezar quem o escreveu, já que assume que ser “de menininha” é algo ruim. Honestamente, a série “A Seleção” é muito melhor elaborada do que boa parte dos livros de fantasia destinados aos “garotinhos”. Só parem.

A questão de ser um livro ruim normalmente é bem pessoal. Quem fala isso por aí costuma se basear simplesmente na opinião pessoal de preferências e gostos. Bom, até aí, eu não gosto dos livros do Pedro Bandeira. Isso significa que ele escreve livros ruins? NÃO! Significa que eu, Marina, por algum motivo, não gostei dos livros dele, que são feitos para um público bem mais jovem – e isso já ficou até um pouco deprimente. Fim. Para analisar se um livro é bem escrito é preciso observar muitas coisas, normalmente com mais tempo e experiência e LER o livro. Coisas como se não há furos na história, se tem uma mensagem a passar, se teve uma boa pesquisa prévia (sem erros grotescos), se foi bem construída e tem um ritmo adequado, se corresponde ao que o público alvo procura, entre outros "se".

Então porque eu adoro essa euforia? É bem simples, na verdade. Toda essa comoção significa que os autores começaram a ser tratados como artistas por aqui. Eles tem fãs fanáticos (normalmente mais jovens, claro), que estão dispostos a acordar cedo, viajar e ficar horas na fila. Assim como cantores, atores, outros tipos de artistas. Isso é maravilhoso. É sinal de que a leitura, seja ela qual for, está se difundindo. Preciso mesmo lembrar alguém da importância de J. K. Rowling na Inglaterra?

Pouco me importa se quem está distribuindo autógrafos é a Kéfera, a Isabela Freitas, o PC Siqueira, ou até o Danilo Gentili ou o Olavo de Carvalho (mentira, importa sim, mas não pra esse fim) ou em contrapartida autores como Stephen King, Patricia Cornwell, Chuck Palahniuk, Jane Austen e Clarice Lispector (sem sessões de autógrafos das duas últimas, por favor!). O que importa agora é que as pessoas estão lendo. Estão considerando a leitura uma atividade de lazer e um passatempo, assim como ir ao cinema, assistir televisão. É tão difícil assim apoiar algo do tipo?

Não digo que acho legal que as pessoas se limitem a esses autores, mas também não gosto quando alguém se limita a ler clássicos e livros de filosofia. Acho muito mais interessante alguém eclético, que gosta de conhecer coisas novas e entender novos pontos de vista. E honestamente, boa parte da minha geração de escritores começou a ler com Pedro Bandeira ou Harry Potter e acabaram lendo uma série de outras coisas. Pessoas que nasceram 8-10 anos depois leram Crepúsculo. E daí? Pessoas 10 anos mais velhas que eu liam Senhor dos Anéis. Cada geração tem seu modelo. É um início. E isso significa absolutamente nada sobre elas. Não vou nem entrar na minha opinião pessoal de cada obra, mas eu facilmente incluiria George R. R. Martin e suas obras quilométricas nessa lista de análise.

Então apoiem os autógrafos, mesmo que vocês não os queiram. Aposto que cada um tem um autor que adoraria conhecer, como uma banda ou um ator. Apoiem essa empreitada a favor da leitura e as pessoas que se empolgam tanto com isso. Algumas dessas pessoas podem ser os autores que um dia vocês pedirão autógrafos. Ou os leitores que pedirão autógrafos a você.

Bônus: Quer comprar um livro autografado do seu autor favorito que já se foi ou não quer ter que correr atrás? Aqui temos alguns links que vão de alguns milhares de reais a R$11,90. Sim, 11,90. Reais. Não dólares. Nem barras de ouro que valem mais do que dinheiros.

Sílvio Santos – R$ 5000 (SIM!)
Sasha Grey – R$ 129,90 
Mia Couto – R$ 119,90
Ferreira Gullar – R$ 109,90 
Lucas Silveira – R$ 32,90
Jacques Chulan – R$ 11,90
Jô Soares – R$ 30 a 65 
Mario Quintana – R$ 90 a 450
Gilberto Freire – R$ 173 a 400
José Saramago – R$ 200 a 1450

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