O Andar do Bêbado, Leonard Mlodinow




Do mesmo autor de Subliminar, O Andar do Bêbado é um livro que desperta olhares curiosos na livraria. Pelo menos, despertou o meu. Parecia um romance meio cômico, até que cheguei perto e descobri que na verdade era um livro sobre... Estatística! Bom, sendo mais específica, o livro trata sobre o “Acaso” e o poder da aleatoriedade em nossas vidas.

Quem nunca pensou em todos os fatos que levaram a algum resultado? Ou mesmo a famosa teoria sobre o bater de asas de uma borboleta – Teoria do Caos? Normalmente pensamos apenas em alguns fatos recentes, como atravessar a rua, conhecer alguém, dizer algo, etc; quando na verdade o conjunto de fatos anteriores que levou a algum acontecimento inclui milhares de anos e escolhas de pessoas que nada tem a ver com você. Por exemplo, seus avós terem se conhecido ou algum de seus antepassados ter se mudado para o Brasil. Pensar enlouquece.

Neste livro, Leonard mostra, com um humor inteligente, diversos dados estatísticos e probabilidades, além de ter me ensinado mais sobre estatística do que meu semestre cursando esta matéria na faculdade. O livro inclui conceitos de diversas áreas e chega a debater fatos como o sucesso de um diretor de empresa ou de um diretor de cinema produzir diversos sucessos de bilheteria. Honestamente, tudo parece tender ao acaso e a probabilidade de ser um feito aleatório é algo que não deve nem pode ser desprezado.

“Se um homem das cavernas faminto vê uma mancha esverdeada numa pedra distante, sai mais caro não lhe dar importância quando se trata de um lagarto gordo e saboroso do que correr e atacar umas poucas folhas caídas. E assim, diz a teoria, talvez tenhamos evoluído para evitar o primeiro erro ao custo de, às vezes, cometer o segundo.”

Você não precisa ser um expert em estatística para entender o livro. Na verdade, não precisa ser mais do que um leigo. Os capítulos são separados do mesmo modo que uma disciplina, ou seja, a complexidade aumenta ao longo do livro, que começa pelos conceitos básicos de estatística, incluindo Gauss e Laplace, até que você tenha base para entender todos os conceitos. São apresentados, por exemplo, a Curva Normal, o Movimento Browniano, a Teoria de Bayes, etc.

Três coisas que gostei muito deste livro foram justamente a comparação entre resultados falso-positivo e falso-negativo de um exame e as condicionais dessas probabilidades; o experimento de comparação entre alunos que chutaram todas as alternativas em um teste; e o treinamento de instrutores de voo, onde a influência de comentários positivos e negativos foi testada. Os resultados são surpreendentes à medida que você participa do livro.

É interessante perceber o quanto nossa intuição pode estar errada pelo simples fato de considerarmos que tudo no mundo tem uma causa, ou faz parte de um “destino”, quando desconsideramos todo o resto do mundo. Sim, o livro faz você se sentir pequeno, mas não menor do que você realmente é.

“Qual é a probabilidade de que, dentre as cinco filas do mercado, escolhamos a mais lenta? A menos que tenhamos sido amaldiçoados por um praticante de magia negra, a resposta é de aproximadamente 1/5. Assim, por que motivo, quando pensamos no assunto, temos a sensação de possuirmos um talento sobrenatural para escolher a fila mais lenta? Porque temos coisas mais importantes com as quais nos preocupar quando as coisas correm bem, mas quando a senhora à nossa frente, que tem um único produto no carrinho, decide reclamar de que a galinha lhe foi cobrada a US$1,50 o quilo e ela tem certeza de que a placa na geladeira de carnes dizia US$1,49, prestamos muita atenção ao fato.”

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