Joyland, Stephen King





Este livro foi uma cortesia da editora Suma de Letras.

Um mestre nunca perde a mão. Às vezes pode derrapar no meio do caminho, às vezes pode não superar suas expectativas, porém a conclusão final sempre deixará com um gosto prazeroso na boca, sentindo que, no fim das contas, a viagem valeu a pena. Quando falamos de um autor que passou por tantas metamorfoses quanto Stephen King, tendemos a relevar suas obras mais clássicas, conhecida também como sua “fase de ouro”, como O Iluminado e A Coisa. Contudo, após Novembro de 63 e Sob a Redoma, muitos fãs alegam que estamos vivenciando a nova fase de ouro de King. Joyland prova que esta afirmação está certa.

Nosso protagonista dessa história é Devin Jones – seria uma referência a Davy Jones, de Piratas do Caribe?  – , um jovem de vinte e um anos que resolve começar a trabalhar em um parque de diversões para tentar afastar sua mente de Wendy, seu primeiro amor. Ao chegarmos a Joyland, somos apresentados a todo o mundo circense e itinerante de um parque dos anos 70 perto de sua extinção. Todavia, Joyland esconde um mistério: o assassinato de uma menina que aconteceu dentro do Trem Fantasma. Quais segredos estão escondidos em Joyland?

"As pessoas pensam que o primeiro amor é fofo e fica ainda mais fofo depois que passa. Você já deve ter ouvido mil músicas pop e country que comprovam isso; sempre tem algum tolo de coração partido. No entanto, essa primeira mágoa é sempre a mais dolorosa, a que demora mais para cicatrizar e a que deixa a cicatriz mais visível. O que há de fofo nisso?"

A narrativa em primeira pessoa nos permite conhecer esse mundo pelos olhos de Devin. Toda a essência de King permeia as páginas, desde o desenvolvimento minucioso e profundo de seus personagens, até as descrições vorazes e impiedosas. Stephen é conhecido por seus calhamaços apelidados de “livros”, algo que diverge em Joyland, pois temos as humildes duzentas e cinquenta páginas de trama, ainda assim, com a mesma qualidade e profundidade que estamos acostumados em suas obras.

O livro resgata o estilo “Pulp” – revistas com histórias curtas e papel com qualidade ruim, feito de “polpa”, geralmente de ficção ou suspense, pegando bem no estilo “B”, comum nos anos 70 – tanto em sua capa quanto na ambientação e abordagem da trama. O desenrolar é natural, a construção dos personagens torna todo o mistério mais crível e sombrio. Não apenas temos o mistério como também um acesso a normas e linguajar de um parque itinerante (muitas expressões inventadas por King, por exemplo, “Bob”, apelido para “caipiras”, e muitas realmente usadas).

Joyland traz o Stephen King “raiz”, com uma história misteriosa e, em alguns momentos, assustadora, igual a seus clássicos. Contudo, o autor vai muito além do mistério. A obra também é uma desilusão amorosa, uma prova de confiança e, acima de tudo, amizade. Um livro curto e intrigante, fazendo com que a leitura seja rápida. Voltando a questão de se estamos vivenciando a “nova era de ouro” de King, posso responder: não, não estamos vivendo a “nova era de ouro”, pois ela nunca acabou. King apenas transitou entre outros estilos para se reinventar e voltou a sua origem.

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