Caixa de Pássaros, Josh Malerman


“Não abram os olhos. Não tirem as vendas! Garoto? Garota?”

Caixa de pássaros é meu mais novo xodó da estante. Eu li esse livro em velocidades diferentes: li 3 capítulos enquanto esperava um amigo chegar ao cinema e já me apaixonei de cara. Em seguida, depois de um dia de pausa, li os capítulos seguintes um a um, com medo de que algo, que parece prestes a acontecer o tempo todo, acontecesse e, por fim, li os 21% (obrigado, calculadora do Kindle) restantes de uma tacada só pelo simples fato de que não dá para interromper a leitura ali. Não dá. Sério!

O livro se passa em dois momentos diferentes. Começamos com Malorie, mãe de duas crianças sem nome, vivendo em uma casa totalmente escura, com janelas tapadas e microfones postos no quintal a fim de captar qualquer som que se aproxime. Ela reúne seus dois filhos, garoto e garota (sim, sério.), e foge da tal casa em direção a um lugar que promete ser a solução definitiva para viver no novo mundo. Por que as janelas estão tapadas? Por que Malorie e seus filhos estão vendados? Para onde ela rema? As respostas vêm com a narração dos acontecimentos anteriores à sequência no rio.

Malorie está grávida na casa de sua irmã assistindo ao noticiário. Notícias sobre pessoas perdendo a sanidade se tornam mais volumosas em questão de horas. As pessoas se tornam agressivas e terminam por cometer suicídio fazendo uso do que estiver mais perto. A causa de tal comportamento é atribuída ao simples fato de ver alguma coisa. Que coisa? Ninguém que saiba sobreviveu para contar. Então a coisa funciona assim: alguém vê tal coisa, enlouquecidamente agride tudo e todos à sua volta e em seguida se mata com o que der. Premissa bacana. Malorie, então, num instinto maternal já existente, sai em busca de uma casa que estava sendo anunciada como um santuário para se proteger das criaturas. Ao tempo todo as pessoas se referem ao que não deve ser visto como criaturas mas a verdade é que ninguém tem certeza.

Ao chegar no lugar, Malorie encontra seus novos companheiros do novo mundo: Tom, Don, Jules, Cheryl e Felix. Eles têm um sistema já implantado para se defender de ver o mundo ao redor. Cobertores nas janelas e vendas ao abrir a porta para Malorie são imediatamente notados. Tom, o natural líder do grupo, pensou em vários detalhes de como se adaptar à nova realidade. Cega.

Josh Malerman escreveu um livro muito envolvente. A descrição do cenário da casa é preciso e muito fácil de assimilar a localização mesmo que ele não gaste muitas páginas definindo o contorno da mesa de jantar ou a posição da cozinha em relação às escadas. A parte que não é descrita, como quando alguém vai ao poço buscar água também é genial. É angustiante ler uma descrição tão vívida de algo a espreita na mata observando o personagem. Se dá medo? Dá. Ao tempo todo. Muito! Por ser uma narração se passando em dois momentos distintos, a alternância é um ponto que preocupa, mas ela se dá muito facilmente. Pode ser uma visão de Malorie grávida, indicando estarmos no passado, ou uma menção às crianças no barco, indicando momento presente. Em ambos os tempos há um suspense absurdo culminando no ápice do livro que, além de fazer a união entre os dois períodos, ainda é o desfecho mais que emocionante da história.

Por enquanto, infelizmente, Caixa de Pássaros não atingiu o grande público, mas isso está acontecendo de maneira muito gradual e “orgânica”: ok que há marketing e tem que ter mesmo, mas, sempre que falo com alguém que está lendo, geralmente recebo a resposta que foi por indicação. Eu comecei a ler por ter visto uma amiga postar uma foto vendada segurando o livro. Procurei, até demais, não sei porque, opiniões negativas sobre esse livro. Não achei nenhuma. Acredito que, muito provavelmente, em um futuro bem próximo, esse livro vai virar filme. Li, inclusive, imaginando quais atores seriam ótimos para cada papel e consegui assimilar cada um deles! Que tal abrir os olhos para um futuro grande fenômeno? Quero dizer: não abra os olhos. Não abra... Nunca!

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