Birdman, Alejandro Iñarritu

Como é de costume aos cinéfilos, todo mês de setembro ocorre o Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), onde diretores esperam ansiosamente para exibir seu filme que, possivelmente, conseguirá seu lugar nas principais categorias do Oscar. Dentre todos os longas aclamados no festival, o que conseguiu mais destaque foi Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), do diretor Alejandro González Iñárritu. Com um título satírico, Birdman conseguiu arrancar elogios de críticos e espectadores ao flertar com a realidade de um ator na beira do desespero pelo sucesso.

Assim como Whiplash – Em Busca da Perfeição (2014), Birdman pode ser visto como uma nova versão de Cisne Negro (2010). Após viver o super-herói Birdman nos cinemas, Riggan (Michael Keaton) tenta buscar um papel que consiga reerguer sua carreira e afaste, de uma vez por todas, sua imagem da sombra do Homem Pássaro que costumava ser sua vida. Na tentativa de dirigir e atuar uma peça na Broadway, Riggan se vê em conflito com todos que estão à sua volta, incluindo ele mesmo.

A metalinguagem usada por Alejandro González para criar o paralelo entre Riggan e Michael Keaton, o Batman de Tim Burton, faz com que o filme flerte com a realidade, ajudando na imersão da trama. Assim como no filme Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock, o filme conta com longas cenas de plano-sequência e transições sutis para que o espectador não consiga perceber o corte e tenha a impressão de que o filme foi todo feito de uma só vez, assim como uma peça de teatro.

Birdman é a chama de esperança que Keaton conseguiu para reacender sua carreira. Tendo sua primeira indicação ao Oscar, a atuação de Keaton consegue transitar entre o lúdico e o real, segurando muito bem momentos-chave para a trama. É óbvio que ele não é a única pessoa a ser elogiada pela interpretação. Mike, o personagem vivido por Edward Norton, é o típico ator narcisista, prepotente e problemático que muitos diretores enfrentam em sua carreira, e ajuda a impulsionar a trama.

A trilha sonora, por menos diversificada que seja, merece seu reconhecimento por conseguir acompanhar a trama com suas batidas na bateria, aumentando a tensão em certos momentos, e deixando um clima mais cômico em outros.

Todavia, os elogios excedentes sobre Birdman acabaram superestimando o longa, sendo que, por fim, ele não atinge todas as expectativas. Como foi citado, as perturbações que Riggan sofre pelo seu pássaro do passado acabam se assemelhando às crises sofridas por Natalie Portman em Cisne Negro. O roteiro peca na falta de metáforas, prendendo-se apenas às referências à vida de seus atores, tentando provar, a todo custo, que é, sim, uma trama inteligente e inovadora; porém, infelizmente, não é.

Apesar de Birdman não ser o filme que promete, ainda assim é um merecedor de elogios (entretanto, menos exaltados do que estão sendo feitos). A metalinguagem entre a realidade e a ficção acabou tomando as barreiras para além de onde Alejandro esperava. Enquanto o longa fala sobre como a popularidade e sucesso dependem das mídias sociais e da internet para alcançar a repercussão desejada, acabou sendo prejudicado pelo seu próprio hype gerado. A ficção tomou conta da realidade e sua própria metáfora acabou saindo pela culatra.

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