Além da Liberdade, Luc Besson



“The Lady” é o título original deste filme, que acredito ter sido um grande acerto do diretor Luc Besson se seu objetivo tiver sido o que imagino, ou seja, a divulgação da história da revolucionária Aung San Suu Kyi, belamente interpretada por Michelle Yeoh, que eu acredito ser uma boa atriz apesar do fiasco em Silver Hawk. Aung San foi morar no exterior ainda bem jovem e acabou constituindo família na Inglaterra, se casando com Michael Aris, interpretado por David Thewlis (sim, é o Lupin de Harry Potter), e teve dois filhos, Kim (Jonathan Raggett) e Alex (Jonathan Woodhouse), que após a prisão da protagonista representam em segundo plano um drama bem construído.

Aung San mantinha contato com o país por meio de livros notícias e, quando descobre sobre que sua mãe está internada, decide voltar à Birmânia para revê-la, momento no qual a história começa a se desenrolar. Assim que chega ao país, Aung San é procurada por líderes da resistência locais que pedem cooperação com o movimento, que luta pela democracia a ser implantada no país. Aung aceita o convite e após uma série de manifestações das quais participa, desperta o desagrado da ditadura militar local, que após uma série de medidas acaba prendendo-a na tentativa de fazer com que caia no esquecimento.

Essa prisão se alonga por 15 anos, durante os quais Aung, não tem qualquer contato com a família que é deportada para a Inglaterra. Somente em novembro de 2010 é que sua liberdade ocorre, e durante o tempo de prisão ela é, inclusive, premiada com o Prêmio Nobel da Paz de 1991, prêmio que não chegou a receber pessoalmente devido a sua prisão, sendo entregue ao seu marido. Estes e outros elementos oriundos de fatos reais da vida de Aung foram selecionados por Rebecca Frayn, que escreveu o roteiro do longa durante três anos, nos quais buscou contato com as figuras próximas de Aung, o que pela primeira vez no cinema permitiu um retrato relativamente fiel da vida de uma cidadã de Mianmar (Birmânia).

A película vale o esforço, ainda que tenha seus momentos com tons de fábula, principalmente quando retrata fragmentos da infância da protagonista. O trabalho realizado pela equipe, que viajou por vários lugares para concluir as gravações, entre eles Bangkok, na Tailândia, Burma, Londres e Oxford, na Inglaterra, bem como Paris e Val-de-Marne, na França, concedem à obra um tom de realidade que se equilibra com os momentos de fantasia.

O filme chegou nos cinemas na França aproximadamente um ano depois da libertação de "A prisioneira de Yangun", que foi como ficou conhecida Aung, mas sinceramente acho que o mais importante para se lembrar da trajetória dessa mulher corajosa é sua perseverança e desejo de liberdade. A última frase do filme é profundamente tocante e de autoria da revolucionária que inspirou o filme: “Use a sua liberdade para promover a nossa”.

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