Battle Royale, Koushun Takami

São poucos os livros que conseguem te prender totalmente à história, de modo que você fique pensando no que virá a acontecer o tempo todo e não sossegue enquanto não concluir a leitura. É raro isso acontecer comigo e não ocorria desde que terminei Sob A Redoma, em janeiro do ano passado. Devo dizer então que me senti extremamente empolgado ao deparar-me totalmente preso à história de Battle Royale, devorando 130 páginas logo no primeiro dia, permaneci nesse mesmo ritmo até finalmente finalizar o livro, e agora estou arrasado. De fato, sinto falta dessa leitura eletrizante e pretendo relê-lo o mais rápido possível.

A história foca em uma turma de nono ano que é forçada a participar de um programa anual do governo. Os 42 estudantes da classe escolhida são jogados em uma ilha, cada um com uma arma diferente, e forçados a matarem uns aos outros até que reste apenas um. Para variar, cada aluno possui uma coleira de metal presa ao pescoço, que explodirá caso desobedeçam alguma regra. Além disso, os quadrantes da ilha vão se tornando proibidos à medida que o jogo prossegue, impulsionando os estudantes a se confrontarem.

A complexidade do jogo é o que torna tudo interessante. A tensão está presente em todas as páginas de Battle Royale e a apreensão do que está por vir nos deixa cada vez mais vidrado à história. O fato de cada estudante receber uma arma diferente em seu kit torna a batalha de certo modo equilibrada, pois alguns alunos decidem participar avidamente do jogo, equipados com metralhadoras a garfos de cozinha.

A edição é simplesmente incrível. Primeiramente, tenho que dar parabéns a Jefferson José Teixeira, que traduziu essa história grandiosa do japonês para o português. Não encontrei um errinho sequer, mesmo sendo primeira edição. A capa é magnífica e confesso que foi o que me chamou mais atenção. Há um outro elemento que eu não sei dizer se é bom ou ruim, talvez seja os dois; no final de cada capítulo há a frase de impacto “Restam ‘tantos’ estudantes”. A colocação da frase deixa tudo mais impactante, mas por ter um destaque especial na página, acabamos vendo sem querer e sabendo que alguém irá morrer.

O fato do foco do livro ser o jogo não atrapalha as fortes críticas do autor quanto ao sistema de ensino japonês e, mais além, um governo repressivo. Em várias passagens, podemos presenciar a crueldade do governo sob aqueles que contrariam seus ideais. Até por meio de relatos, acabamos ficando chocados. O rock, por exemplo, é estritamente proibido lá, de modo que qualquer meio de entretenimento exterior passe por uma rigorosa análise. O Programa em si é algo extremamente doentio; colocar amigos para assassinarem uns ao outros, com o intuito de mostrar que não podemos confiar em ninguém. O objetivo obviamente não é esse, trata-se de uma manipulação sugestiva, para que os opositores saibam com quem estão de fato lidando.

As expectativas altíssimas quanto ao livro aumentavam gradativamente à medida que eu avançava na história, que flui extremamente bem. Koushun Takami conduz uma história aparentemente simples de modo excepcional. Por mais que o livro foque em um grupo principal, acompanhamos o ponto de vista de todos os outros personagens e presenciamos a morte de cada um sob os mínimos detalhes. Além do mais, o autor narra os confrontos incrivelmente, como se o leitor presenciasse a cena diante dele; quando notamos, o coração está disparado. Pensei que teria dificuldade com os nomes japoneses, mas até me adaptei bem. De certo modo, tudo correu bem para que eu já considerasse Battle Royale um dos melhores livros que eu li até hoje.

O desfecho pode transmitir diferentes sensações, mas a primeira que me vem à mente é surpreendente. De todas as hipóteses que reuni ao decorrer da história, o final apresentado superou todas as expectativas e me deixou chocado com sua imprevisibilidade, pegando-me totalmente de surpresa. Pela história, podemos deduzir que é bem “ame ou odeie”, mas acredito que deixará a maioria dos leitores satisfeita.

Concluindo, Battle Royale é uma obra frenética que te deixa tenso ao decorrer de todas as 664 páginas. A ansiedade para saber o que acontecerá a seguir ou quem será o próximo a morrer faz com que a história passe voando. Devo dizer que gostaria de apagar o livro da minha mente, para poder lê-lo e sentir todas as sensação novamente. A partir de agora, tentarei indicar para qualquer um; ainda mais nas férias, quando uma leitura empolgante como essa é extremamente bem-vinda.

Por fim, devo mencionar o fato da história ser semelhante à de Jogos Vorazes. BR é infinitamente superior à trilogia de Collins, sob todos os aspectos. Até mesmo o diretor Quentin Tarantino deixou-se levar pela grandiosidade da obra de Takami, alegando que Battle Royale é a história que ele sempre quis filmar. Pretendo assistir o filme e ler o mangá o mais rápido possível, para tornar-me um verdadeiro fã dessa obra excepcional.

0 comentários:

Postar um comentário

 

BLOG HORRORSHOW - CRIADO E DESENVOLVIDO POR ARTHUR LINS - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © 2015