Box 21, Roslund & Hellström




Este não é um dos livros mais conhecidos na prateleira de uma livraria. Então por que o comprei? Bom, pra começar, não é todo dia que nos deparamos com um livro escrito por um policial e um ex-criminoso. Pois é, é isso mesmo. A partir disso, já podemos imaginar que toda a trama será descrita de uma maneira bem verossímil. Muito tempo depois, descobri que o livro A Besta, um bestseller, foi escrito por estes mesmos autores. Além disso, o livro tinha um papel em volta com um aviso do tipo “O livro que chocou a Europa” – não me lembro das palavras exatas. Pareceu meu tipo preferido de livro. Adivinhem: eu estava certa. O livro não só se tornou um dos meus favoritos, como um dos favoritos das pessoas a quem o indiquei. E não foram poucas.

As mentiras se alimentam umas das outras, uma mentira leva a outra e depois a outra, até que você fica irremediavelmente preso num emaranhado e não mais reconhece a verdade, mesmo quando ela é tudo o que você tem.


Box 21 conta a história de Lydia Grajauskas e Alena Sljusareva, duas jovens bonitas, que foram levadas à cidade de Estocolmo três anos antes e acabaram presas no famoso tráfico de mulheres. Depois de espancadas e estupradas, foram forçadas a se prostituir e cada uma achou sua maneira de sobreviver a isso. O livro começa com Lydia no hospital; depois chega um traficante com overdose, no mesmo hospital. As histórias de todos os personagens estão conectadas por uma série de crimes, e então a trama vai se desenvolvendo.

Quando tudo é dito e feito, é muito simples, há a verdade e o resto são mentiras. E a verdade é a única coisa com a qual as pessoas conseguem conviver a longo prazo. Todo o resto é bobagem.

Lydia é, de longe, minha personagem favorita. Ela mostra o que “um pouco” de ódio e determinação podem fazer com uma pessoa. Todas as decisões e todos os planos. Ela é extremamente fria e vingativa. Não que não tenha motivos para isso, claro. Ela e Alena ensinam muito sobre amizade.

“Este é meu argumento. Esta é a minha história. Quando você ouvir isto, espero que o homem sobre o qual eu vou falar esteja morto. Espero que ele tenha sentido a minha vergonha.”

Os personagens são todos cinzas. Não existem apenas mocinhos e vilões. Como fora da ficção, todo mundo tem seu lado bom e ruim. O policial, Sven Sundkist, e o detetive, Ewers Grens, são os típicos de um romance criminal, com passados tristes e complicados. Sim, o livro tem clichês. O que importa é que o final realmente não é um deles, e com certeza vai te surpreender. Prometo que, em algum ponto, o nome do livro começará a fazer sentido – na verdade isso está escrito nas orelhas, mas é muito mais divertido descobrir ao longo da história.

Não era difícil entender que a humilhação constante obrigasse você no fim a escolher entre desistir e ceder ou tentar humilhar outra pessoa como vingança.

O estilo do livro me lembrou da escrita de José Saramago, de uma maneira bem suave, pela forma como os diálogos e flashbacks foram escritos. Já li alguns comentários dizendo que o livro é enrolado e confuso. Imagino que o confuso seja exatamente por esse motivo, e devo discordar do enrolado. Por mais que seja uma história relativamente longa, muita coisa acontece em sequência e todos os capítulos estão lá por um motivo muito claro. A contra-capa diz:
“(...)Um thriller policial com uma profunda reflexão sobre amizade, verdade e mentira, culpa e vergonha. Box 21 é um relato vívido do quanto um ser humano pode ser cruel”.
 Foi uma descrição resumida bem precisa do livro.

1 comentários:

  1. Meu Deus!
    Marina ouvi seu chamado lá no Skoob falando desse livro. Eu já queria ele e agora fiquei muito mais entusiasmado pela leitura. Só preciso adquiri-lo. Hehe
    Ótima resenha!
    Abraços

    Leitor Noturno e Coisas de Um Leitor

    ResponderExcluir

 

BLOG HORRORSHOW - CRIADO E DESENVOLVIDO POR ARTHUR LINS - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © 2015