O Vento Pela Fechadura, de Stephen King









"O tempo é um buraco de fechadura"
A Torre Negra vive em mim desde 2010, quando descobri a série e tentei lê-la mesmo não sendo fácil conseguir os livros. A história me conquistou completamente no Vol. I. Fez-me acreditar que a paixão é algo intenso e fora do comum no Vol. IV. A história me chocou completamente no Vol. VII e assim pôde viver eternamente em mim. Mas, e este volume desgarrado, lançado quase uma década após o último volume? Como ele iria se comportar quando eu o lesse, 2 anos após ter terminado a série? Essa pergunta ficou comigo até o dia que eu o peguei na mão e percebi que seu elemento chave seria a nostalgia e tudo fluiria a partir dela.

É mágico ver o ka-tet de Roland novamente, apesar dele nem ser o foco do livro. Ver o Eddie brincalhão, a Susannah tendo seus ataques de nervoso (invocando a Detta), o Jake sendo um menino que ouve histórias e o Oi sendo Oi. A nostalgia foi imediata, mas não foi o único sentimento que eu pude sentir.

O livro é como Inception, só que em vez de sonhos, temos uma história dentro de uma história dentro de uma história. Há uma tempestade forte no caminho do ka-tet, e eles param e esperam a tempestade, chamada borrasca, passar. Enquanto esperam, Roland conta uma aventura sua de quando era jovem, um evento logo após os relatos de Mago e Vidro. Nessa história, que se chama Trocapele, é possível sentir outra nostalgia: a nostalgia de ver Roland jovem, ainda com suas aventuras, antes de perder notavelmente tudo. Enquanto conta essa história, Roland inicia um conto que marcou sua infância, chamado de O Vento Pela Fechadura.

O conto se mostra a parte mais importante do livro e carrega uma emoção pura de infância, que lembra especiais de natal na televisão, o amor incondicional de nossos pais por nós, O Mágico de Oz e histórias de cavaleiros. O Vento Pela Fechadura (conto), mesmo não tendo nenhum personagem do ka-tet de Roland, é o que mais vale a pena do livro porque ele tem uma interligação fantástica com a série em si e possui um sentimentalismo de despertar lágrimas. Esse é o jeito de King dizer: eu ainda posso surpreender vocês, meus caros, e posso fazer o coração de vocês sangrar.

Depois de todos os contos, voltamos com o ka-tet e vemos o que talvez seja o trecho mais triste de toda a série. Roland mostra um outro lado dele neste livro e, ao chegar ao seu final, entendemos um pouco mais sobre ele.

O Vento Pela Fechadura (livro) é um volume diferenciado de A Torre Negra, mas é tão bom quanto qualquer um deles. É dito que é possível lê-lo sem ter lido os quatro livros anteriores (já que este seria o Vol. 4,5, de acordo com o autor), mas ele possui vários acontecimentos passados, acontecimentos do final do Vol. IV, que podem prejudicar um pouco a leitura de quem ainda não leu a série. Mas é uma questão de conta e risco e nada impede alguém de fazê-lo.

O livro me fez sentir nostalgia, amor, raiva, ódio e pena. Percebi ao lê-lo que o amor que temos por outras pessoas pode ser intenso, mas nunca eterno, como o amor paternal/maternal. Eu li, ri, chorei. O livro é A Torre Negra. O livro é Stephen King. É tudo isso junto, misturado, e que forma um dos mosaicos mais belos que já vi. O Vento Pela Fechadura é assim, sai: maravilhoso. E eu agradeço.

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