Eu Mato, Giorgio Faletti



Aos amantes de livros policiais e/ou de suspense, recomendo. Aos não tão amantes assim, talvez essa não seja a melhor escolha. Admito que o que me chamou atenção neste livro foi o título, em alguma visita à livraria, que já não me recordo. Acabei ganhando o livro de presente e no mesmo dia comecei a ler. Demorei cerca de quatro meses para acabá-lo, sendo que a segunda metade li em um único dia.

O que eu quero mostrar com isso? Ele não é exatamente instigante. O livro é um tanto quanto lento, especialmente no começo. Fiquei um pouco perdida e não sabia muito bem o que estava acontecendo, e isso me desanimou. A pessoa que me deu o livro não tinha gostado e, se não me engano, sequer terminou a leitura, exatamente por este motivo. Porém, outros conhecidos me disseram exatamente o contrário, inclusive cheguei a ouvir a seguinte definição para o autor: “Giorgio Faletti é como Dan Brown, só que bom”. A pessoa que me disse isso não sabia que Dan Brown é um dos meus autores favoritos.

O que Giorgio Faletti e Dan Brown têm em comum é a capacidade de enrolar o leitor por centenas de páginas até que a coisa fique realmente interessante. E o que eu adoro: você pode tentar adivinhar, o quanto quiser, qual será o desfecho do livro e, mesmo com dez hipóteses diferentes, você falhará. Essa característica é talvez o principal motivo de eu gostar ou desgostar de um livro policial (ou mesmo outros). Afinal, qual é a graça de ler um livro de 530 páginas, se você consegue adivinhar quem fez o que, quem morre e quem vai preso?

“Esta é a verdadeira loucura, pensou consigo mesmo, a capacidade de alimentar-se de si mesma para gerar apenas e sempre mais loucura.”

“Eu Mato” conta a história realmente perturbadora (que você descobrirá só no final) de um serial killer, apelidado de “Ninguém”, que diz matar para livrar-se de seu próprio sofrimento. O que torna os assassinatos tão chocantes é o fato de ele, depois de matar, retirar, com um cuidado quase cirúrgico, toda a pele do rosto de suas vítimas. Boa parte da trama é baseada em descobrir qual o motivo que o leva a fazer isso. O leitor acaba descobrindo no meio do livro, o que finalmente é instigante, mas a história completa só é encaixada no final.

O livro é dividido entre os “carnavais”, sobre o que o assassino está fazendo, e os capítulos normais do livro, contados pelos policiais, Frank Ottobre e Nicolas Hulot. Ao todo, são doze carnavais e sessenta e quatro capítulos. Não se enganem achando que em cada carnaval acontece um assassinato; as coisas não funcionam bem assim.

“- Sabe, Nicolas, às vezes, quando penso nas coisas que acontecem no mundo, coisas como essa, como o World Trade Center, guerras e tudo o mais, o que me vem à cabeça são os dinossauros. O delegado olhou para ele sem dizer nada. Não conseguia entender onde ele queria chegar. - Há muito tempo, muita gente tenta entender por que os dinossauros se extinguiram, por que os animais que dominavam o mundo desapareceram assim, de repente. Talvez a explicação mais válida entre todas as possíveis seja também a mais simples. Talvez tenham morrido porque enlouqueceram, todos eles. Exatamente como nós. É isso que somos, nada mais do que pequenos dinossauros. E, mais cedo ou mais tarde, nossa loucura será a causa de nossa ruína.”

A história envolve Jean-Loup Verdier, DJ de uma rádio local, além de outros funcionários desta mesma rádio; Pierrot, um jovem apaixonado por música, amigo de Jean-Loup, peça-chave nas investigações; Ryan Mosse e Nathan Parker, do exército americano; além de muitos, muitos outros. “Ninguém” é fascinado por música, e boa parte do livro gira ao redor desse fato, já que as pistas que ele envia à polícia são sempre relacionadas a músicas. Suas vítimas são preferencialmente homens, bonitos e pelo menos razoavelmente famosos.

Existem alguns trechos psicológicos bem interessantes, e isso é uma característica que me atrai em um livro, como costumo citar em minhas resenhas. As descrições são muito bem feitas, os personagens muito bem marcados e bem construídos. Frank Ottobre, em alguns pontos, me lembra da insolência de House. Sempre grosso e verbalmente agressivo, porém sempre com a razão. Além do completo descaso com autoridades.

"(…) - E, afinal de contas, era tudo muito simples.
- Uma vez li num livro que todos os enigmas são simples, depois que você fica sabendo a resposta."

Outro ponto que me chamou atenção neste livro foi que, se não todos, 90% dos personagens, até mesmo os que aparecem por poucas páginas, sofreram algum trauma e foram perturbados por algum tempo. O que, claro, inclui os protagonistas e obviamente o assassino. Em suma, eu tinha altas expectativas em relação a esse livro, e todas foram atingidas.

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