O Medo do 13, David Sington



O nome lembra um filme de terror, mas na verdade estou falando de um documentário. Nick Yarris é um condenado estadunidense que passou 21 anos* no corredor da morte por um crime que não cometeu. O documentário consiste basicamente em uma entrevista com Nick, que conta sua história de uma maneira muito envolvente, que te faz prestar atenção mesmo sem grandes cenas e montagens cinematográficas.

Começamos com a seguinte pergunta: o que deixa um homem com vontade de morrer, mesmo falando por mais de duas décadas que é inocente, e o leva a pedir para ser executado de uma vez? Após assistir ao documentário, o que posso responder é: frustração. Talvez falta de esperança depois de tantas tentativas falhadas.

Quando Nick Yarris foi preso, usava drogas, dirigia um carro roubado, não sabia ler, falava de maneira agressiva e com vocabulário limitado. A acusação que o levou ao corredor da morte foi a de estuprar e matar uma jovem na Pensilvânia, após tentar acusar um homem que na verdade estava morto. Passou os primeiros anos na solitária, conhecida por mexer severamente com o psicológico dos condenados, onde não podia sequer falar. 

A esperança dele era renovada constantemente por diversas pessoas. Primeiro pelo carcereiro que o ensinou a ler e emprestou livros a ele, o que fez com que Nick lesse cerca de DEZ MIL livros durante os anos que passou na prisão. Depois, por Jacqui, que o ajudou a provar sua inocência e casou com ele, se divorciando nove anos depois.

O problema é que tudo dava errado. Perderam o material da autópsia, que poderia provar sua inocência. Depois, ele ligou para o laboratório que fez o teste de tipagem sanguínea e eles tinham duas lâminas que eram apropriadas para o teste de DNA, e depois de 5 anos para conseguir o teste, os resultados foram inconclusivos pela deterioração. E então souberam que a roupa da vítima estava guardada em uma sala do tribunal, e continham o esperma do assassino, e após 4 anos conseguiram a mesma pessoa que fez os testes no caso O. J. Simpson, mas alguém empacotou as amostras inapropriadamente e elas abriram no transporte. Teve hepatite C por um tratamento dentário. É tanta coisa dando errado que fica impossível não se comover com tudo porque, no final, ele era mesmo inocente.

O filme é comovente em todos os sentidos. A edição foi muito bem feita para ressaltar detalhes que são mais sensoriais do que visuais. A água do chuveiro caindo na cadeira, o trilho do trem, as músicas citadas, tudo foi encaixado perfeitamente. A história de Nicholas Yarris é uma lição para todos nós, tanto sobre esperança e positividade quanto sobre a importância da educação.

A triscaidecafobia é o nome do medo irracional do número 13. Nick não sofre dessa fobia, mas esta foi uma das muitas palavras que aprendeu na prisão. Hoje, Nick Yarris dá palestras falando sobre como a educação mudou a vida dele e pode mudar a vida de milhares de jovens. Diz não ter mais raiva pelo tempo que passou na prisão indevidamente porque isso o tornou uma pessoa melhor. Vale repensar o apoio à pena capital (“de morte”), caso essa seja sua opção.

*Fontes variam de 21 a 23 anos. O site do Innocence Project diz 21. A BBC diz 23.

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