Como Enlouquecer seu Chefe, Mike Judge



O filme é uma comédia com péssima tradução de nome, como é costume por aqui – mesmo que a dublagem seja considerada uma das melhores do mundo. O título original é “Office Space”, que arrisco traduzir como “Espaço de escritório”, que seria um título muito ruim em português. Eu juro que não falaria isso se algum chefe de fato enlouquecesse no filme. Mas não acontece.

Filmado em 1999, é muito interessante assisti-lo em 2016, por um motivo bem simples: o cenário é uma empresa de tecnologia. É fantástico lembrar dos computadores enormes, antigos, o sistema do Windows 1998 péssimo, o protagonista sofrendo com a lentidão, e DISQUETES!

Peter Gibbons é o típico adulto jovem que não suporta seu trabalho em um cubículo e seu chefe cheio de peculiaridades que o convoca para trabalhar também de sábado e domingo (Já dizia Samara: 7 dias!!). Peter está descontente com a vida. Seu relacionamento acabou e ele mora em um apartamento pequeno onde conversa com seu vizinho pela parede, já que é impossível um não escutar o outro. Ele procura terapia com hipnose, porém o terapeuta morre em um ataque cardíaco e não faz com que Peter saia do transe.

Seus amigos Michael Bolton, complexado com seu nome por não gostar do cantor Michael Bolton, e Samir Nagheenanajar, complexado com seu sobrenome, que ninguém consegue pronunciar, estão na mesma situação, mas não passaram pela hipnoterapia e não querem largar o emprego. Até que um funcionário novo aparece na empresa para fazer cortes e causa desespero geral.

Peter começa a sair com Joanna (Jennifer Aniston!), após ter a coragem de fazer o que queria e chama-la para sair, e a contagia com seu novo espírito. Os três amigos bolam um plano que Joanna não gosta, embora ela também odeie seu trabalho de garçonete e seu chefe.

Além do choque de épocas, que é grande mesmo com menos de 20 anos de diferença, vemos sempre a mesma reclamação: “eu odeio meu emprego”. E as implicações dessa declaração são as mesmas também. Até que ponto vale a pena pedir demissão? O que eu realmente quero fazer da minha vida? O que é ruim aqui será ruim em outro lugar na mesma profissão? Ou só quero ficar em casa sem fazer absolutamente nada o resto da vida?

Os personagens principais do filme são jovens e em uma profissão que tinha tudo para decolar – e decolou. O que aconteceria se não fosse esse o caso? O protagonista se demitiria ou se conformaria com o problema e viveria infeliz com o que faz a vida toda?

O tipo de comédia do filme é realmente a pura comédia. Não tem a putaria que apareceu depois e tomou conta das “comédias” americanas, cheias de nudez aleatória e desnecessária (e machista, diga-se de passagem). Você ri com o chefe peculiar. Com o médico morrendo e Peter em transe. Com um personagem aparentemente insignificante falando de um bendito grampeador. Com a secretária repetindo a mesma maldita mensagem. Com as reclamações iguais de várias pessoas. Com o vizinho estranho. Enfim, você ri o filme inteiro. E isso caracteriza uma ótima comédia.

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