Prometo Falhar, Pedro Chagas Freitas





Este livro foi uma cortesia da editora Novo Conceito

Vamos começar deixando uma coisa muito clara: eu não gosto de desaconselhar leituras. Entre os motivos está o fato de que eu não sou dona da verdade, sequer uma crítica literária, e cada um gosta do que for melhor para si. Mas vou enfatizar que uma coisa é muito necessária nessa leitura: cautela.

“Ué, mas por que eu preciso de CAUTELA para ler esse livro fofinho?” O problema já começa com o ‘fofinho’. Tanto no momento do lançamento, que estourou aqui no Brasil (e em Portugal já tinha estourado), quanto depois, o que mais ouvi/li sobre esse livro é que ele é romântico, fofinho, e que muitas pessoas queriam um namorado como o autor. Gente, calma aí.

Novamente: não sou a dona da verdade. Mas acho bem problemático rotular um livro como este dessa forma. São QUATROCENTAS páginas de EXATAMENTE A MESMA COISA. O cara consegue passar 400 páginas com textos curtos (de duas páginas em média) e pequenos poemas sobre a mesma coisa. Não necessariamente sobre a mesma mulher. O livro não tem uma história com começo, meio e fim. É um amontoado de textos, com um ou dois que tratam, por exemplo, do amor de mãe/pai no meio dos outros, bem diferente do que dava a entender pelas propagandas.

Fora o fato de serem todos sobre a mesma coisa, todos tem o mesmo estilo. É sempre a repetiçãozinha do começo da frase, do fim da frase, de uma frase entre os parágrafos, enfim. A técnica de todos (ou quase todos) os textos é a mesma. Além de ser irritante, mostra uma falta de habilidade do autor, ou talvez falta de interesse, em diversificar um pouco do que escreve, ainda que seja sobre o mesmo tema. Isso também se aplica aos poemas. 

São 400 páginas de alguém claramente forçando frases de efeito. Quando recebi o livro, recebi também uma espécie de “baralho” com frases do livro. As frases, sozinhas, eram muito legais. Esse mimo é uma daquelas maravilhas da Novo Conceito.

O problema é que, dentro do livro, todas elas são bem forçadas. Adicione isso ao fato de o livro todo passar uma impressão de “wanna be” José Saramago, sem nenhuma regra de pontuação e separações estranhas de falas, isso quando existe separação. A diferença é que o Saramago era bom nisso. O autor prometeu falhar e falhou, não apenas das maneiras que ele descreve no livro, mas escrevendo o livro.

Sendo bem sincera, o “romântico” desses textos passa muito dos limites. Eu correria de um namorado como o autor. Ou iria até a delegacia. Além de ser perseguidor, controlador, autoritário, ciumento de uma forma doentia, etc, o cara não faz sentido algum. E não é só porque o objetivo dele é justamente não fazer sentido. Algumas das frases são realmente burras. Vou exemplificar:

“(...) É preciso dar trabalho às pessoas já que não se pode lhes dar amor, eis o que explica a existência de um sistema econômico (...)”

Falando sobre comprar um saco de salada já cortada. Não sei que droga esse cara usou, mas parece tão louco que eu até quero. Aliás, tem um erro de edição nessa frase no livro, página 135, fica o recado.

Se você gosta de textos como esses, vá em frente e você adorará esse livro. Mas por favor, não limite sua busca por romance com base nesses textos. Eles são insanos.

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