Este livro foi uma cortesia da editora Darkside Books
O jogo continua. O jogo jamais parou. Nem será interrompido. Você, leitor, quer continuar jogando? Tem ideia de onde se meteu?
Nesse segundo volume temos a continuação quase imediata dos eventos do primeiro livro. Após a afronta direta de HP ao mestre do jogo, o confronto entre os dois passa a tomar parte principal dos objetivos de ambos e HP, como já sabemos, não está disposto a perder nenhuma disputa. Com informações (muitas delas!) sobre o funcionamento do jogo e até a localização de um prédio de servidores, HP pretende se infiltrar cada vez mais na organização e destruí-la de dentro. Em contrapartida, temos o Mestre do Jogo, ainda desconhecido, que funciona muito bem como oposição a Henrik. Ambos são orgulhosos e competitivos e, mesmo que signifique matar, pretendem vencer a tal disputa contra o outro. Henrik volta a Suécia disfarçado e passa a trabalhar em uma empresa que acredita ser relacionada ao jogo, com o intuito de obter mais informações. Rebecca, irmã de HP, está com problemas com um usuário de um fórum da internet que espalha rumores sobre ela e seus problemas dentro da polícia. A empresa que HP começa a trabalhar passa, então, a ser um foco bem interessante da história.
Ruído (Buzz, no original) remete à expressão usada para identificar o burburinho sobre algo que ocorre. Sabe a história sobre a GAP utilizar trabalho escravo? Então, ela chegou aos seus ouvidos através do buzz provocado por esse boato. ArgosEye, empresa em que HP começa trabalhar, é uma firma que controla e utiliza esse “ruído” em favor de quem a contrata. Você, certamente, não acha mais os boatos sobre a GAP e, provavelmente, continua comprando nas lojas de lá. O titulo também faz alusão à situação de Rebecca que, pelo mesmo método, tem seu cotidiano na academia de polícia explicitado sem permissão pelo usuário anônimo do fórum.
Este é um livro bem diferente de seu antecessor. Enquanto o primeiro volume tem ação desde o primeiro capítulo, Ruído tem seu principal foco nas consequências, em âmbito amplo, dos eventos anteriores. Quem gostou da história apenas pela ação trazida pode ter algum problema para continuar, pois a leitura não é arrastada (bem longe disso), mas não tem o ritmo frenético de acontecimentos de antes. E não há problema nenhum nisso. Ao contrário, com a mudança de cenário e da situação geral dos personagens, uma reestruturação de cenário é necessária e o autor a executa muito bem.
Anders de la Motte mantém, muito facilmente, seu estilo preservado na continuação de sua história. Seu texto é muito fácil e agradável de ler. Frases curtas e diretas provocam o leitor a estar sempre atento de maneira muito natural e, mesmo em trechos de descrição, mantém o suspense ativo. Os capítulos são curtos e esse fator ajuda a não perder o fio da narrativa. Dificilmente você interromperá a leitura no meio de um capítulo, e começará a desejar isso de outras obras, de tão útil que lhe será. A alternância entre os pontos de vista de HP e Rebecca continua sendo perfeitamente executada. Em nenhum momento há dúvida sobre qual personagem é o referencial daquele trecho.
A trilogia The Game está sendo lançada no Brasil pela editora Darkside Books. Esse segundo volume tem uma edição linda em capa dura, como é de se esperar da caveirinha, e com uma cor azul predominante na arte, em contraste com o amarelo da anterior. Só sei que fica lindo na prateleira.
Ruído, ao contrário do que se espera do segundo volume de uma trilogia, não é um livro de transição. Tem uma história completa em si e se mostra tão necessário para a série como um todo quanto é possível. O autor continua com seu poder de manter o leitor na beirada da cadeira com pressa de virar as páginas e, ainda assim, com receio de fazê-lo. Continuo com a ideia de que os autores nórdicos são os melhores em matéria de suspense policial e Anders de la Motte é um excelente argumento para isso!
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