Cinco músicas clássicas que mudarão seus conceitos



O “gosto particular” certamente é algo que varia conforme cultura, idade e qualquer outro critério que identifique um grupo. A música, por sua vez, dentre todos os objetos de gosto, é a que mais varia, que mais oscila e que mais discrepa. Todo e qualquer gosto particular é perfeitamente legítimo, ou seja, se você gosta de Tati Quebra-Barraco, de André Rieu (até porque nem tem muita diferença entre eles), ou mesmo de Rita Lee: está tudo certo.

As preferências musicais de cada um não dizem nada sobre a beleza ou sobre qualquer característica do objeto de apreciação, só dizem sobre o sujeito. Parafraseando Davi Hume, o filósofo empirista escocês, podemos dizer que todo sentimento despertado pelo objeto é verdadeiro, afinal, nenhum sentimento está no objeto ele mesmo, mas no sujeito que o sente. Isso quer dizer que o sentimento despertado por qualquer música não tem relação alguma com a música, mas com aquele que a ouve. Se uma canção sertaneja apaixonada é ouvida por alguém em recente término de relacionamento, o sentimento será correspondente ao pretendido quando a música foi composta para ser vendida, mas ocorre também que um sujeito que prefere outro estilo ache a música sertaneja enfadonha e, ao ouvir a mesma canção que despertou os sentimentos de melancolia ou saudade num sujeito, desperte neste outro mero tédio ou mesmo um sentimento de comicidade. 

Dito tudo isso, apresento uma pequena lista de cinco músicas clássicas que não entram nessa história toda, pelo menos não na mesma medida em que os estilos citados. A música concebida como obra de apreciação estética não precisa depender diretamente do sentimento do sujeito. Obviamente, qualquer pessoa pode se sentir emocionada ao ouvir Beethoven, mas essa emoção como na música em geral só diz respeito ao sujeito. Por isso, meu convite aqui é a realizar o exercício da prática da estética, apurar a apreciação, a mesma apreciação e estranhamento que desenvolveram o pensamento científico, as grandes composições (das quais ouviremos algumas), as mais famosas obras de literatura e todo objeto de contemplação estética. 

Trata-se do “treino da atenção”, ou em termos humianos “treino da delicadeza”. O exercício é simples: isente-se do que você imagina da música clássica, esteja sozinho ou num ambiente em que ninguém te incomode e ouça com sinceridade e sem preconceitos, como uma criança ouvindo algo novo. Ainda que você já tenha ouvido alguma dessas músicas, saiba que a contemplação e o estranhamento que você desenvolverá neste exercício, aliados à imaginação e à criatividade foram os elementos responsáveis por toda novidade criada ou desenvolvida por todo e qualquer indivíduo ao longo da história da humanidade. Então aproveite, e quem sabe outra revolução do pensamento aconteça após este exercício.


1 – Haydn: As estações - Ewiger, mächtiger, gütiger Gott.

2 – Mozart: Concerto para Piano número 20, in D-minor.

Mozart: A flauta mágica. Em especial a ária da Rainha da Noite.

3 – Beethoven: Romance para violino e Orquestra, No. 2 in F major, Op. 50.

4 – Bach: Missa em Si menor, Momento do Kyrie Eleison ou Piedade Senhor.

Bach: Cello Suite N°.1 – Prelude. Para um instrumento.

5 – Vivaldi: L'Estro Armonico. Os doze concertos.


Estas são apenas algumas indicações. Poderia fazer uma lista muito maior, mas acho que essas experiências musicais proporcionarão um bom momento. Fiz questão de não colocar nenhum dado histórico sobre as músicas justamente para conceder a oportunidade de aprecia-las pelo que são: atemporais.

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