Os Intrumentos Mortais - Cidade dos Ossos, Cassandra Clare


Vivemos na era dos livros Young Adult – obras direcionadas ao público por volta de 16 anos, muitas vezes abordando temas amorosos, sociais e aspectos de discussão para o público adolescente, como sexo e drogas. Temos grandes exemplos de livros Y.A., como Jogos Vorazes, Crepúsculo e obras do autor John Green. Contudo, há um certo preconceito com este gênero por muitas vezes apresentar estruturas e personagens semelhantes e bilaterais, envolvendo triângulos amorosos e um universo mal explorado. Porém, a série Os Instrumentos Mortais, criada por Cassandra Clare, consegue surpreender até os mais céticos em relação a livros Young Adult (eu, inclusive).

Clary é uma menina comum de 15 anos que anda sempre com o seu melhor amigo, Simon. Um dia eles resolvem visitar um lugar chamado Pandemônio, uma boate de adolescentes alternativos. E nessa festa ela presencia um grupo de jovens assassinando alguém; porém, só ela vê isso em meio a várias outras pessoas. Esses jovens são chamados de Caçadores de Sombras, um grupo que trabalha para a Clave, e sua missão é simples: matar demônios. Por alguma razão, Clary, uma mundana, tem a capacidade de ver demônios e membros do submundo.

A trama parece simples, como qualquer outro livro do gênero, porém, Cassandra mostra que o mundo dos Caçadores de Sombras – e, por que não, o submundo em si – é muito maior e complexo do que a primeira vista. Com o desenrolar da história, vamos descobrindo outras espécies e culturas, temos um aprofundamento histórico no passado dos Caçadores, somos apresentados a vampiros, feiticeiros, lobisomens e até fadas, mas tudo bem encaixado e orgânico no contexto. Vários elementos que serão vistos nos próximos livros já são introduzidos aqui desde o começo, como a Cidade de Vidro (título do terceiro livro da série).

A maior crítica a se fazer a Cidade dos Ossos é a sua escrita ainda amadora. Apesar de ser superior a de muitos livros Y.A., ainda temos alguns problemas, como o uso desnecessário de advérbios e o excesso de pronomes na terceira pessoa do singular. Em alguns momentos, caímos levemente no clichê, porém nada que seja extremamente prejudicial, visto que isso é algo que será mais bem construído e mais bem desenvolvido nos próximos livros.

Os Instrumentos Mortais é uma série que tem me surpreendido com a sua construção de personagens e do universo dos Caçadores de Sombras, fazendo com que eu superasse os meus preconceitos (e experiências ruins) com livros Y.A. e comprasse o box da série de uma vez. Cassandra consegue cativar o leitor de uma maneira impressionante, mostrando logo no início que tem uma história rica em detalhes para te apresentar. É perceptível a evolução da escrita no próprio livro, fazendo com que a segunda parte até pareça uma obra diferente. O bom humor da autora flerta constantemente com o clichê, mas suas reviravoltas acabam criando a sensação de que ela estava apenas “satirizando” livros com esses clichês. No total, são seis livros – tirando outras séries do submundo, como Peças Infernais – que irão te prender a este mundo curioso e sóbrio.

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