A garota que eu quero, Markus Zusak



Nesta obra densa e comovente temos a oportunidade de acompanhar a mudança e o caminho de transformação de um jovem que se vê logo no começo da narrativa como um perdedor. Markus Zusak, o autor de “A Menina que Roubava Livros”, consegue brincar com as palavras de maneira a apresentar o jovem Cameron Wolfe como um dinâmico personagem que aprende sobre a vida e o amor.

São muitos os momentos que valem a pena lembrar na obra, e a narrativa, apesar de linear demais, consegue apresentar todos os sentimentos envolvidos na luta do jovem Cameron e na de sua recém descoberta e amada Octavia. Os personagens são muitíssimos verossímeis e chegam a parecer tão reais que em certos momentos parece que o autor não está narrando uma história fictícia, mas sim algo que testemunhou.

Talvez o momento mais belo no texto seja a reconciliação de Cameron com seu irmão mais velho. É importante dizer que todos são personagens de classe média-baixa e que vivem numa situação financeira pouco favorecida, apesar de possuírem o mínimo necessário para viver. Cameron conhece Octavia em uma situação um tanto inusitada – é um detalhe apaixonante à parte e mostra muito sobre o relacionamento dele com a própria família – e o caminho para conseguir ganhar a confiança da moça é longo e espinhoso.

Octavia, a personagem que mais admiro na obra, é uma figura muito prática, mas que ao mesmo tempo consegue perceber a beleza do momento e não se perde no mero pragmatismo. Ela tem um passado complicado, o que explica a dificuldade de aceitar pessoas novas em sua vida. É uma jovem que experimentou algo do pior que a existência humana pode oferecer e ainda assim consegue avançar (mesmo que com dificuldade) pelo futuro que a espera.

Os vizinhos de Cameron são um outro componente à parte que fazem o papel atmosférico mais charmoso que já vi em literatura pop. Eles compõem um quadro que, graças as suas cores, se torna mais vívido e realista e ainda têm a vantagem de garantirem uma pitada de humor que se mescla aos momentos mais tensos da obra.

O momento em que Cameron se declara para Octavia é tão sincero, humilde e íntimo que só parece possível na história improvável dos dois. A beleza de “A garota que eu quero” é justamente essa; Cameron, conhece aquela que ama, ele fala para alguém que admira, alguém que entende, que quer entender ainda mais. Não há nenhuma fórmula pronta para este romance, como não há na vida verdadeiramente vivida. Cameron não recita Shakespeare para Octavia, não cita qualquer outro poeta, o que ele recita é o que pulsa dentro dele, ele cita sua própria humanidade prestes a ser aquilo que tem potencial para ser.

3 comentários:

  1. Já li esse livro, mas me maravilhei ainda mais lendo esse texto.

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    1. Oh... Quanto amor.
      O livro é lindo mesmo... de uma sensibilidade incrível.
      Obrigado pelo elogio. (pessoa anônima) :)

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