O Vilarejo, Raphael Montes


Este livro foi uma cortesia da editora Suma de Letras

Histórias de terror são comuns. Contadas e recontadas através dos tempos, possuem, em sua maioria, monstros e fantasmas que assombram pessoas, mas, quando o filme acaba ou o livro se fecha, há a compreensão de que era apenas uma história e há o conforto de saber que nada daquilo é real. E se não houvesse esse conforto? E se os fantasmas e monstros fossem reais? E se fossem você?

O Vilarejo conta histórias de moradores de um certo vilarejo. Sem nome nem indicação de qual país se encontre, o vilarejo está sofrendo com uma nevasca e os meios de ligação com as outras cidades foram interrompidos ou bastante dificultados. Sem acesso a alimentos ou comunicação, os moradores precisam se virar como podem a fim de sobreviver ao inverno.

O livro é uma reunião de sete contos e, em cada um, há a história de um morador do vilarejo e detalhes sobre sua vida, seja antes ou depois de tal nevasca. Esses detalhes são terríveis e mostram a face perversa existente em cada um deles, sejam tais atos motivados pela fome durante o inverno ou não. O principal monstro dessas histórias é o homem. O que a natureza humana é capaz de fazer, e aqui o faz, te chocará.

Raphael Montes adquiriu uma narrativa bastante madura. Em comparação com seu primeiro trabalho, há uma notável evolução nos textos apresentados. Montes descreve, sem pudores, cenas de violência, racismo e até pedofilia, causando no leitor toda a sorte de reações que uma boa obra do gênero deve causar. O livro começa antes do primeiro conto. A introdução já é parte de uma história, onde o autor conta, com bastante convicção, como teria escrito o livro. Ao fim, há uma sagaz interação entre a realidade inventada e os relatos dos contos.

O Vilarejo é um livro bastante curto. Dá para ler de uma vez só, sem dificuldades, mas permita-se perder tempo olhando a arte apresentada. Ilustrado por Marcelo Damm, o livro tem, em cada conto, imagens relacionadas à história que se tornam um interessante complemento para o que está escrito.

Raphael Montes já era um autor para se recomendar e depois de O Vilarejo tornou-se obrigatório a qualquer um que busca literatura nacional boa. Embora jovem, já possui maturidade para escrever sobre temas controversos e, segundo Fernanda Torres, sem nada dever a Stephen King. E eu concordo.

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