A Desconhecida, Peter Swanson



Este livro foi uma cortesia da editora Novo Conceito

O que aconteceria se alguém por quem você se apaixonou na época da faculdade reaparecesse em um bar 20 anos depois, desesperada, pedindo favores cada vez mais absurdos? Eu sei que a minha atitude seria certamente muito diferente da que o protagonista teve, mas então não haveria livro algum, não é mesmo?

George é um cara que não demonstra ter muitas alegrias em sua vida. Tem um relacionamento razoavelmente estável com Irene, que é uma personagem tão sem graça, tão desligada, que muitas vezes esqueci até seu nome. Embora eu reconheça essa ideia de relacionamentos 100% liberais, e que muitas pessoas se dão super bem vivendo esses relacionamentos, não é muito meu estilo. Assim, muitas das atitudes que um tem com o outro me incomodam muito ao longo do livro. George se importa com ela, mas não tanto assim.

Liana é uma mulher muito peculiar, que fez escolhas seriamente questionáveis na vida, embora não pareça uma pessoa ruim. Deve ter sido difícil lidar com tantos nomes falsos. A questão é que ela estava morta, na teoria, depois de um breve relacionamento com George, na faculdade. A morte foi considerada um suicídio. Ela parece ter um imã de problemas e confusões, mas não o típico tráfico de drogas. Teve uma infância problemática, como de costume para esse tipo de personagem, e claramente alguns problemas psicológicos que deveriam ter sido tratados, pelo amor de deus. Liana é quase a definição de “Daddy Issues”.

Um problema no livro é a falta de verossimilhança. Mesmo considerando um amor absurdo, até excessivo, que pessoa em sã consciência, nessa época da vida – juro que na adolescência eu até deixaria passar –, larga sua vida inteira para ajudar uma pessoa que não vê há 20 anos, não foi exatamente simpática na despedida e não pede coisas muito simples ou seguras? Curiosidade talvez fosse um fator importante, eu sei que eu ficaria curiosa, mas é um pouco surreal acreditar que isso aconteceria de verdade. Esse nível de infantilidade e inconsequência não é fácil de se achar por aí. E não sendo um livro de fantasia, isso é um fator a se considerar.

Francamente, é preciso ser meio babaca para saber que está sendo usado, saber o quanto a história pode se complicar, se intrometer e se machucar, e ainda assim continuar tentando ajudar uma pessoa que claramente precisa de ajuda psicológica/psiquiátrica. E talvez da polícia. Não tenho paciência com esse tipo de personagem.

O livro tem algumas questões intrigantes e que aguçam a curiosidade do leitor, mas essa curiosidade não dura muito. Não porque as questões são resolvidas rapidamente, mas porque eventualmente você se desinteressa. Não existe nenhum gancho excepcional. Depois de algum tempo, você sente uma espécie de preguiça, mesmo que queira muito continuar e saber o final da história.

Também achei que faltou um destino para Irene. O que acontece com ela, depois de ter sido envolvida em todo aquele problema? E George, deixa de ser um cara passivo que não parece se interessar de verdade por nada na vida? A Desconhecida é fácil e rápido de ler, é um bom passatempo, com uma edição muito bem feita, mas não será seu suspense favorito na estante, principalmente se esse é um dos seus gêneros favoritos.

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