IT - A Coisa, Stephen King





Os que conhecem o autor, sabem que ele é visto como “o rei do terror”. Claro, após obras marcantes para a cultura pop como O Iluminado, O Cemitério, Carrie – A Estranha, entre muitas outras, King é um escritor renomado por conseguir despertar os sentimentos mais obscuros e desconhecidos em seus leitores. Em 1986, porém, o mestre do terror conseguiu atingir um patamar aquém do esperado. Dos pesadelos mais profundos de sua mente perturbada, Stephen King retratou de maneira minuciosa e detalhada algo que poucos conseguiriam conceber: o medo.

Em 1958, durante as férias escolares da pequena cidade de Derry, no estado de Maine, seis crianças – Bill, Richie, Stan, Eddie, Ben e Beverly - aprendem o sentido de muitas coisas novas para suas mentes inocentes: aprendem sobre amor, confiança, amizade e, principalmente, o medo. Foi neste ano em que enfrentaram – e venceram –, pela primeira vez, A Coisa, uma entidade maligna, a personificação do próprio medo, que assolava Derry. Contudo, quase trinta anos após o ocorrido, os seis amigos precisam se reunir, pois Derry está em perigo novamente. A Coisa voltou a atacar os habitantes da cidadezinha e apenas eles sabem disso... e como derrotá-la.

 Eles flutuam?
 Flutuam? - O sorriso do palhaço se alargou. - Ah, sim, claro que sim. Flutuam! E tem algodão-doce...George esticou a mão.
O palhaço agarrou seu braço.
E George viu o rosto do palhaço mudar."

King é uma fabrica inesgotável de criatividade e talento. Cada palavra digitada neste calhamaço de 1.200 páginas parece ter sido cuidadosamente escolhida. Apesar de não termos uma quantidade exorbitante de personagens, como ocorre em Sob a Redoma, a trama que abrange nossos seis protagonistas se desenvolve naturalmente e de forma orgânica. Somos aprofundados por completo na mente de cada um, sabendo seus medos, virtudes e sentimentos, além de descobrirmos sobre sua vida quase que por completo. A narrativa visceral e eletrizante faz com que o leitor fique em estado de transe, hipnotizado enquanto acompanha cada acontecimento.

O ponto alto de IT - A Coisa está em não ser apenas um livro de terror. Claro, o terror é a temática abordada, além de ser um livro realmente assustador, contudo, é uma obra sobre a inocência. Ao acompanharmos a jornada das crianças durante a sua infância e depois a sua vida adulta, conseguimos ver a abissal diferença de pensamentos e atitudes nessas duas fases da vida. Não obstante, também temos o contraponto entre adultos e crianças: durante a infância, eles demoraram muito mais para acreditar na existência da Coisa do que na fase adulta, onde aceitaram a situação quase que imediatamente.

Não se sinta constrangido ao se emocionar em algum momento do livro – há diversas situações sentimentais. A sensibilidade e delicadeza que King combina com a brutalidade da realidade conversam sutilmente e se encaixam perfeitamente, conseguindo tocar nos sentimentos de qualquer leitor. Momentos em que os personagens relembram do começo de suas vidas, ou quando o sentimento de proteção percorre entre eles, são passagens em que você se sentirá abraçado por cada um.

A Coisa é tida como sua obra-prima, e não é por menos; King depositou toda a sua história de vida e habilidades para narrar essa aventura que nos lembra o seu conto O Corpo (que deu origem ao filme Conta Comigo, 1986) e o seu espírito obscuro, além de antônimos coexistindo na mesma história, como o pessimismo e, simultaneamente, a esperança. Apesar de seu tamanho assustar, é um livro fácil e rápido de ser consumido. Uma experiência única que você irá querer reviver após o seu término, pois a obra prima de um mestre sempre deixa com o desejo de mais.

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