Aura, Carlos Fuentes




Vamos falar de decepção. Para mim, o sinônimo dessa palavra é o livro de Carlos Fuentes. Embora pequeno (minha edição tinha 68 páginas) demorei 3 dias para terminar de ler. E eu sou um leitor rápido. O motivo para essa demora se dá ao fato que o livro é, e não existe outra palavra mais adequada, chato! Não durante o tempo todo. Até começa interessante, mas...
Um jovem está lendo um anúncio de empregos nos classificados em um café. É um emprego perfeito para ele e suas qualificações. Ele, então, vai de encontro ao lugar onde deve ser inscrever. Chega em um casarão antigo no meio do centro comercial, sobrevivente em meio a tantos prédios modernos. Sem ser atendido, tateia seu caminho até a porta e continua até o quarto da senhora que fez o anúncio. A casa é mantida na mais intensa penumbra. Ele descobre que o trabalho deverá ser realizado enquanto ele mora na casa. A única criada que ele vê na casa é Aura, que dá nome ao título, e se afeiçoa a ela imediatamente. Na verdade, soa mais como atração sexual. A casa é nojenta: tudo é coberto de limo, até os talheres, a senhora é mantida numa cama repleta de migalhas com um coelho de estimação e há um ninho de ratos num canto do aposento.

A premissa da história é interessante, principalmente devido aos acontecimentos provenientes da interação com as peculiaridades descritas acima. A execução é falha. Não totalmente. Um aspecto positivo desse livro é a linguagem que Fuentes utiliza para se referir às ações do rapaz. A narração não é feita em primeira ou terceira pessoa. Ele descreve as ações como se acusasse o leitor de cometê-las, por exemplo, não há um “pegou o jornal” ou “abriu a porta”. Essas frases são substituídas por “você abre a porta” e “você pega o jornal”. Esse detalhe promoveu uma aproximação com o personagem que logo se desfez. Ao se fixar em Aura, ele deixa toda a normalidade que ainda lhe resta de lado. Em questão de duas páginas ele vai de “querer sexo com Aura” para “te amarei para sempre, Aura”. Não convenceu nem um pouco.

O sentimento que o livro mais me proporcionou foi nojo. Simples assim. Há uma ênfase muito forte na descrição de objetos que não parecem ter conhecido uma flanela na vida. A garrafa de vinho é coberta de limo. O vinho é verde e espesso. A senhora não se importa com um ninho de ratos rondando seu quarto. É repugnante e, embora pudesse ter gerado algo muito interessante para a história, foi ignorado nas páginas finais. Aliás, o final desse livro é a coisa mais descabida possível. Há tantas explicações criativas para o comportamento de Aura, para o ninho de ratos, para a coelha ou para o fato de que Aura e a senhora se movem de maneira sincronizada. Todas elas são dispensadas e o autor opta pelo caminho com menos imaginação possível. Chega a soar ridículo.

Não conhecia Carlos Fuentes, e peço desculpas se ele um dia chegar a ler isso, mas Aura é um livro fraco, sem emoção e repleto de falsas promessas. Talvez essa última parte tenha sido minha culpa. Talvez minhas expectativas tenham sido altas devido à sinopse. Acredito que só uma pessoa com zero ansiedade por ler esse livro o aproveitará bem. E dará, no máximo, nota 6.

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