Antes da Meia-Noite, Richard Linklater



“Still there... Still there... gone.”

Antes da Meia-Noite finalmente encerra a trilogia “Before”, que acompanhou a relação de Jesse e Celine ao decorrer do tempo. Em Antes do Amanhecer, presenciamos dois jovens livres passando uma noite em Veneza, adiando o máximo possível o momento de se separarem e seguir com suas vidas. Em Antes do Pôr-do-Sol, os dois se encontram novamente, depois de muitos anos. Cada um tomou rumos diferentes, mas nunca pararam de pensar um no outro. No fim do filme, os dois estão juntos no apartamento de Celine e ela diz a Jesse: “Você vai perder seu vôo”. Ele então responde “eu sei”, uma frase que mudaria novamente a vida do casal. Essa mudança é mostrada no encerramento da trilogia.

Se alguém um dia me perguntasse qual é o melhor casal do cinema, eu diria Jesse e Celine sem hesitar. Mas por quê? Eles passam a maior parte dos filmes da trilogia dialogando e caminhando, sem todo esse mimimi mostrado na maioria dos filmes de romance. A resposta é fácil: a simplicidade do casal. Os dois transmitem o realismo de uma relação de maneira espantosa. Antes da Meia-Noite pode não ser o melhor da trilogia, mas transmitiu esse realismo melhor que os outros dois.

A relação do casal claramente amadureceu, pois se tornou algo oficialmente sério. Para complementar, Jesse e Celine agora possuem filhas; duas lindas gêmeas. O filme foca na falta de comunicação que as pessoas têm hoje em dia, mas principalmente no futuro da relação dos dois, quando Jesse intuitivamente sugere que se mudem para os Estados Unidos, de modo que possa ficar mais próximo do seu filho. É claro que, para isso, Celine teria que deixar tudo o que tinha em Paris para trás. Esse conflito causa uma discussão que se segue pela maior parte do filme, colocando em jogo a integridade do relacionamento do casal. Em meio a isso, os dois compartilham mágoas e confissões, apontando as dificuldades da relação e como é difícil mantê-la.

Ouvi muitos comentários a respeito do filme ser extremamente arrastado, mas achei o contrário; Linklater dirigiu as cenas com a maestria de sempre, de modo que tudo fique do jeito que tem de estar. A ausência de diversificação nos cenários passa despercebida em meio aos incríveis diálogos de Jesse e Celine, com inclusão de críticas sociais nas discussões do casal.

Devo dizer que a conclusão da trilogia foi incrível, o filme não manteve o clima aconchegante dos dois primeiros, mas fechou com uma das mais belas cenas do cinema. A vontade foi de aplaudir de pé.

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