Mad Max: Estrada da Fúria, George Miller






Quando um remake, reboot, ou mesmo uma sequência de uma obra clássica do cinema é anunciada, há sempre uma mistura de expectativa e medo. Trinta anos após sua última jornada em Além da Cúpula do Trovão, Mad Max está de volta aos cinemas, dessa vez com Tom Hardy interpretando Max, papel antes interpretado por Mel Gibson. Nos últimos meses, fomos constantemente bombardeados por imagens e trailers empolgantes, mas será que o resultado final faria jus ao prometido? A conclusão é unânime: voltar ao mundo pós-apocalíptico de Mad Max nunca foi tão insano. E isso é um elogio.

Logo no início do filme somos introduzidos a uma ação desenfreada. Assim como na trilogia original, Estrada da Fúria não tem um roteiro linear com começo, meio e fim. A história está presente a todo o momento, porém ela não é contada para você diretamente. Nos primeiros minutos, temos uma breve introdução de quem é Max e qual é a situação atual do mundo, tornando um filme independente de seus antecessores.

A trama começa após Max ser sequestrado por um grupo liderado por Immortal Joe – uma espécie de líder da região em que estamos situados -, contudo, não ficamos focados apenas em Max, e sim em Furiosa (Charlize Theron), filha de Joe. Ela está fugindo rumo a um lugar chamado Vale Verde em busca de liberdade, levando consigo cinco mulheres que são mantidas como prisioneiras para procriação por Immortal Joe.

Dentre suas muitas qualidades, Mad Max tem se destacado exclusivamente por seu discurso feminista. Furiosa se mostra uma personagem feminina extremamente forte, chegando a se igualar a Max, porém sua personalidade não é masculinizada, o que a torna um símbolo relevante ao museu de personagens femininas da história do cinema.

A direção minuciosamente cuidadosa de George Miller (criador da trilogia original) merece reconhecimento à parte. Cada cena do filme foi detalhadamente planejada em mais de 1.400 storyboards desenhados pelo próprio George Miller. A substituição do roteiro pelo storyboard fez com que cada cena fosse perfeitamente trabalhada. Em todos os momentos de ação, você nunca se perde nos acontecimentos, cada detalhe apresentado é visível, nunca confundindo o espectador ou deixando-o a se questionar o que está ocorrendo na tela. O primeiro Mad Max, de 1979, foi feito com o orçamento de 200 mil dólares, enquanto Estrada da Fúria foi feito com 200 milhões de dólares, e cada centavo investido está presente na tela.

A característica visual de Mad Max é um de seus maiores triunfos. Cada aspecto do mundo devastado é detalhadamente trabalhado, desde a estética de seus veículos (como a mistura de um carro com um tanque de guerra) até seus personagens e a população, tudo ricamente planejado para que a imersão neste universo ficasse orgânica e quase imediata.

Estrada da fúria é um filme que não perde tempo situando o espectador em seu mundo. Em nenhum momento o longa lhe pega pela mão e apresenta o que está acontecendo, não se dando ao trabalho de explicar porquê as pessoas fazem certos rituais, ou como as civilizações se dividem. George Miller simplesmente te joga no meio do deserto e deixa com que você mesmo descubra todas essas respostas, fazendo com que o filme seja sem furos e que o espectador se interesse em descobrir cada vez mais o que está ocorrendo com a humanidade.

Os efeitos visuais inovadores contribuem para a destruição criada em cada cena de perseguição que acompanhamos. Contudo, muitos dos efeitos foram efeitos práticos, aumentando ainda mais o realismo das cenas. É praticamente impossível não se empolgar durante as lutas frenéticas. Exércitos de carros e caminhões destinados a capturar Furiosa, cada veículo com sua própria característica, e assim como nas batalhas em que as tropas eram motivadas por músicos, aqui temos até um carro com amplificadores, tambores e um guitarrista, fazendo com que a perseguição seja ao som de heavy metal.

Seria muito ousado comparar Mad Max: Estrada da Fúria com clássicos de ação como Duro de Matar, Exterminador do Futuro ou até Matrix? Com certeza não! Assim como seu antecessor de 1979, Estrada da Fúria nos ensina como deve ser o novo cinema de ação. Este filme não é apenas explosões genéricas, e sim uma nova maneira de contar uma história, sem precisar de diálogos explicativos, apenas usando estímulos visuais que enchem os olhos dos espectadores. Quem não conhece a trilogia original poderá estranhar um pouco a falta de linearidade, mas não irá demorar para conseguir embarcar no mundo insanamente fantástico que irá enfrentar.

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