Doctor Who: Mortalha da Lamentação, Tommy Donbavand



Não me lembro muito bem da primeira vez que ouvi falar de Doctor Who. Eu devia ter entre 10 e 11 anos e passava em algum canal, não sei bem ao certo qual. Assistia alguns episódios, mas a comandante do Controle da Televisão era minha mãe e, com o tempo, a série foi entrando na gaveta da memória para ser revivida apenas em 2012, quando me relembraram de sua existência e resolvi ir atrás de todos os episódios. Desde então, Doctor Who se tornou uma das minhas séries favoritas, fazendo com que eu comprasse enfeites, jogasse os jogos e fosse atrás dos livros e hqs para complementar meu envolvimento neste mundo fantástico do Doutor e seus companheiros.

Meu primeiro livro foi Mortalha da Lamentação. Já acostumado com os jeitos e manias dos Doutores mais recentes (8° ao 12°), sabia que voltar ao mundo do 11° Doutor seria simples: eu podia imaginar suas aventuras com Clara, sua companheira por boa parte da 7ª temporada, com muita clareza (trocadilho não intencional). Então, deitado na cama, decidi começar a ler Mortalha, um pouco ansioso para saber o que acontecia nessas menos de 200 páginas, e um pouco receoso da história não atingir minhas expectativas em relação à fidelidade com as maneiras de agir do 11°. Felizmente, devo dizer que, sim: minhas expectativas foram atingidas.

O livro começa da mesma forma que a série começou em 1963: com o guarda Reg Cranfield fazendo sua rota pela Totter's Lane, estrada inglesa. Desta vez vemos ele bem mais de perto. Ele continua em sua rota até que alguém o chama de Reggie. Ninguém o chamava de Reggie, a não ser o sei pai, mas ele morrera... é quando Reg olha entre a névoa e enxerga o rosto de seu pai, bravando palavras de rancor e tristeza contra ele. Reg entra em desespero, o rosto do pai ganha mais formas, há um grito e toca a música de abertura. Não. Espera. Isso é um livro. É um livro, mas você sente que é aquele momento em que a música de abertura da série toca, e foi a partir daí que percebi que gostaria do livro.

Passou a música de abertura/prólogo, passou o nome do episódio e estamos, finalmente, com o Doutor, no meio de mais uma aventura pelo espaço-tempo, e Clara ajudando uma tripulação que teve sua nave engolida pela água de uma represa aberta. Depois de ajudar a tripulação, a TARDIS (a cabine policial dos anos 60 que serve de máquina do tempo e espaçonave) enguiça e leva o Doutor e Clara para os EUA, mais especificamente para Dallas, no dia 23 de novembro de 1963: um dia depois do assassinato do presidente norte-americano J.F. Kennedy (e data de estréia da série na BBC, o que, devo dizer, não deve ter sido uma coincidência criada pelo autor).

Lá, o Doutor e Clara veem várias pessoas sofrendo os efeitos das Mortalhas, que se alimentam da tristeza das pessoas utilizando uma conexão psíquica com suas vitimas e tomando a forma de entes queridos que já morreram. Para encarar a situação, que vai se alastrando pelo mundo inteiro com quase todas as pessoas, o Doutor e Clara se juntam à jornalista Mae Callon e ao agente do FBI Warren Skeet em busca de uma solução e encarar de vez as Mortalhas.

Encarando a famosa frase "o mundo seria melhor sem tristeza", Tommy Donbavand recria naturalmente o cenário de um episódio de Doctor Who, descrevendo com esperteza quem é o 11° Doutor e descrevendo muitas das tristezas que ele já viveu durante seus mais de 1000 anos de idade. A história é interessante, com vários momentos de descontração e alguns de seriedade, revivendo algumas memórias das épocas mais antigas do Doutor, agradando muito os fãs da série antiga.

Com uma fidelidade ao personagem principal, uma queda no desenvolvimento da companheira Clara (o que me entristeceu um pouco) e uma história divertida e interessante, que poderia ser melhor desenvolvida com mais algumas páginas, Mortalha da Lamentação se parece bastante com um episódio recente de Doctor Who e, com certeza, não há nada de errado nisso.

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