Eu, Robô, Isaac Asimov



Quem nunca imaginou como seria viver entre robôs? Mais ainda, como viveriam, agiriam, o que pensariam? Nesse pequeno e rápido livro, Asimov tira os robôs da posição de vítimas ou de vilões e os coloca em um lugar mais inteligente, tratando deles com uma abordagem mais racional. Em meio a tantos sentimentos e profundidade concedida pelo autor, as máquinas tornam-se humanos demais e robôs de menos.

O livro é composto por nove contos, tendo como pano de fundo uma entrevista com a psicóloga roboticista Dra. Susan Calvin, no momento com 75 anos. As histórias são contadas por ela e narram o surgimento da robótica, seus primeiros passos até seu consequente desenvolvimento e estabelecimento. Mesmo tratando-se de histórias distintas, o autor cria uma coesão e estabelece uma cronologia para a evolução dos robôs e seu desempenho.



O começo dos robôs é simples, onde eles eram apenas criados domésticos e babás que sequer possuíam voz. Mas a tecnologia avança e em cada história é possível notar isso, ao nos depararmos com robôs mais velozes, inteligentes e hábeis. Quanto mais o tempo passa, mais os humanos vão dependendo da inteligência artificial para desempenhar grandes atividades, embora os próprios humanos não gostem disso, o que acaba resultando em preconceito.

Todos os contos reunidos no livro já haviam sido publicados separadamente em revistas de ficção científica, algo comum para a época. Foi somente com a sugestão de um editor que Asimov resolveu reuni-los e transformá-los na narração da evolução robótica. Um ponto importante do livro são as Três Leis da Robótica, que, basicamente, consistem em três enunciados que são obrigatórios a qualquer robô que seja construído, pois elas serão a pauta de suas escolhas. As leis são:
1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.

À primeira vista, as leis podem parecer um fator limitante para as histórias, pois sabemos que em nenhum momento um robô matará um ser-humano. Mas é aí que a genialidade de Asimov se mostra, pois o autor cria conflitos incríveis, com resoluções ainda mais inesperadas. Através do livro, o autor debate sobre a crença, a religião, a ignorância gerada pelo desconhecimento e muitas outras coisas.

Durante os nove contos, Asimov desenvolve diversas atmosferas. Começando pelo drama de uma garota e seu robô no conto "Robbie", passando pelas aventuras inusitadas de Gregory Powell e Mike Donavan (personagens recorrentes nos contos), histórias que rendem boas risadas, como em "Razão" - que, basicamente, fala sobre um robô em crise existencial -, até tramas mais tensas como "Mentiroso!", que trata de um robô que tem a habilidade de ler mentes e as implicações disso.

"Eu, Robô" é um livro altamente recomendável para aqueles que desejam entrar no incrível universo da ficção científica, e também para aqueles que desejam apenas uma boa leitura. A escrita de Isaac Asimov é incrivelmente simples, o autor em nenhum momento apela para jargões científicos, deixando tudo sempre muito claro para o leitor.


Não apenas um livro sobre a relação humana com a inteligência artificial, Asimov dá uma voz e sentimentos aos robôs e coloca-os diante de duelos éticos e existenciais. Esqueça os velhos embates entre homem e máquina, como em Matrix ou Exterminador do Futuro, e até Frankenstein, pois o que "Eu, Robô" proporciona é um outro ponto de vista sobre o impacto de autômatos inteligentes, abordando questões éticas, sociais e filosóficas. A coletânea é um clássico da ficção científica e apenas uma pequena amostra da capacidade criativa de Isaac Asimov, aquele que é considerado o maior escritor do gênero.

2 comentários:

  1. Olá, Cainã! Posso dizer que é um gênero considerado novo para mim. Nunca li a nenhum livro como esse, sobre robôs ou máquinas; livros de ficção científica. Não tive oportunidade e também não procurei conhecer - tenho a minha culpa nisso. Mas gostei tanto de sua resenha que me interessei por essa "novidade". Ótima resenha, parabéns!

    Adorei o Blog!
    Abraço.
    Diego França, Blog Vida & Letras.
    www.blogvidaeletras.blogspot.com

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  2. Obrigado pelas palavras, fico muito feliz que tenha gostado da resenha!
    Sou muito suspeito pra falar sobre ficção científica, rsrs. É algo que recomendo muito, principalmente os livros do Asimov. Ele tem uma escrita muito simples e leve. Se tu começar por esse livro, não vai se arrepender nem um pouco.
    Novamente, obrigado pelo comentário! Nós do blog agradecemos pela leitura.

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