A Mais Pura Verdade, Dan Gemeinhart




Talvez eu não devesse, mas começarei essa resenha falando que foi muito difícil me controlar pra não chorar enquanto lia o final desse livro em uma sala de espera de médico. E com "final" eu quero dizer a segunda metade do livro. Também preciso dizer que é muito raro um livro me fazer chorar, especialmente se o personagem principal é uma criança. Chorei também com Marley e Eu, mas é um cachorro, não dá pra não chorar. Quem me conhece sabe que eu não tenho o mesmo amor incondicional por crianças.

A questão é que Mark, o personagem principal dessa história, não é apenas uma criança. Ele é uma criança com câncer. Ok, o livro é azul, tem um personagem com câncer, talvez alguns pulem direto para a comparação com A Culpa é Das Estrelas. Não façam isso, por favor. Ainda não tive a chance de ler (ou assistir o filme) esse best-seller, mas já vi por aí que muita gente está fazendo essa comparação. Essa não é uma história de amor.

“Esta é uma coisa que eu não entendo: por que alguém quereria me impedir. Tudo o que eu queria era morrer.”

Talvez seja, na verdade, mas não uma história de amor romântico. Mark é apaixonado pelo seu cachorro (opa, achei a origem da vontade de chorar), mas não tão apaixonado assim pela sua vida. As pessoas reagem de formas muito diversas a uma doença como o câncer, mas duas são bem notórias e distintas: algumas são extremamente positivas e redescobrem o amor profundo pela vida, enquanto outras se tornam extremamente melancólicas e pensam que nada mais vale a pena. Prometo não apontar que os tratamentos apresentam resultados melhores em pessoas positivas. Quer dizer, não prometo nada.

Mark tem vergonha de sua doença, vergonha de se sentir triste e faz de tudo para não magoar seus pais. E Jess, sua melhor amiga. Apesar da doença, o garoto tem um sonho, que planejou om o avô mas nunca pôde cumprir, e está disposto a fazer o que precisar para persegui-lo. O problema é que ele precisava fugir de casa.

O sonho? Escalar uma montanha. Ao longo das páginas, viajamos juntos e passamos por tudo com ele. O autor escreve de maneira fluida e calma, como se fosse mesmo uma criança (acima da média, mas ainda assim uma criança) contando tudo. Junto com o número do capítulo, temos também o número de quilômetros que faltam até a montanha, o que por vezes passa rápido e outras vezes, bem devagar.

Mark é a criança que eu fui um dia e sei que muitos de vocês também foram. Também poderia ser um adulto. Talvez seja parte da criança (levemente mau humorada) que ainda existe dentro de todos nós. Ele quer fugir de casa, fugir dos problemas e de todos que conhece, e simplesmente o faz. Mark é você quando criança, que disse que iria fugir de casa, foi até a padaria e decidiu voltar, depois de assustar seus pais só um pouquinho. Só que ele é a criança que foi até outro estado, escalar uma montanha, com seu cachorro, e… talvez não precisasse voltar.

“Esta é uma coisa que eu não entendo: por que as pessoas sempre acham que podem fazer alguma coisa só porque querem.”

Tenho certeza de que este é um livro simples que terá o poder de tocar uma parte diferente de cada um, mesmo o mais insensível. Você aprenderá alguma coisa, seja com Mark, com Jess, com os pais de Mark, ou mesmo com algum novo amigo no caminho.

Ah.. e qual é a mais pura verdade? Bom, escolha uma delas.

2 comentários:

  1. Sensacional descreve esse livro...
    Emocionante e Instigante te prende do começo ao fim. Os personagens são ótimos a história é clichê mas contada de uma forma diferente... E o final surpreendente! Eu jurava que já sabia o final... Uma excelente estreá para o Dan G. Meu segundo melhor livro, só fica atrás de O lado bom da vida.

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